Inumeráveis – se números não sensibilizam espero que nomes o façam

O poema “Inumeráveis” é de autoria do cearense Bráulio Bessa, que transforma os sentimentos em versos e estrofes. Tocado pela atual situação da pandemia no Brasil, o cordelista escreveu a poesia como uma homenagem às vítimas do coronavírus. Para isso, inspirou-se no trabalho do Memorial Inumeráveis, uma iniciativa do artista paulista Edson Pavoni. O texto ganhou versão musicada por outro nordestino, o cantor Chico César.

“O artista tem essa característica de que uma inspiração vem a partir de uma angústia. Ser poeta é ser um prestador de atenção do sentimento alheio”, conta Bráulio sobre a transformação da dor em poema.

Leia na íntegra:

Inumeráveis

Autor: Bráulio Bessa

Andre Cavalcante era professor, amigo de todos e pai do Pedrinho. O Bruno Campelo seguiu seu caminho Tornou-se enfermeiro por puro amor. Já Carlos Antônio, era cobrador Estava ansioso pra se aposentar. A Diva Thereza amava tocar Seu belo piano de forma eloquente Se números frios não tocam a gente Espero que nomes consigam tocar. Elaine Cristina, grande paratleta fez três faculdades e ganhou medalhas. Felipe Pedrosa vencia as batalhas, Dirigindo Uber em busca da meta. Gastão Dias Junior, pessoa discreta na pediatria escolheu se doar. Horácia Coutinho e seu dom de cuidar De cada amigo e de cada parente. Se números frios não tocam a gente Espero que nomes consigam tocar. Iramar Carneiro, heroi da estrada foi caminhoneiro, ajudou o Brasil. Joana Maria, bisavó gentil. E Katia Cilene uma mãe dedicada. Lenita Maria, era muito animada baiana de escola de samba a sambar. Margarida Veras amava ensinar era professora bondosa e presente. Se números frios não tocam a gente. Espero que nomes consigam tocar. Norberto Eugênio era jogador, piloto, artista, multifuncional. Olinda Menezes amava o natal. Pasqual Stefano dentista, pintor, Curtia cinema, mais um sonhador Que na pandemia parou de sonhar. A vó da Camily não vai lhe abraçar com Quitéria Melo não foi diferente. Se números frios não tocam a gente Espero que nomes consigam tocar. Raimundo dos Santos, um homem guerreiro O senhor dos rios, dos peixes também. Salvador José, baiano do bem, Bebia cerveja e era roqueiro. Terezinha Maia sorria ligeiro cuidava das plantas, cuidava do lar. Vanessa dos Santos era luz solar mulher colorida e irreverente. Se números frios não tocam a gente Espero que nomes consigam tocar. Wilma Bassetti vó especial pra netos e filhos fazia banquete. Yvonne Martins fazia um sorvete Das mangas tiradas do pé no quintal. Zulmira de Sousa, esposa leal falava com Deus, vivia a rezar. O X da questão talvez seja amar por isso não seja tão indiferente Se números frios não tocam a gente Espero que nomes consigam tocar.

A esses acrescento outros tantos sobretudo meu amigo Dorivan Duarte  Mais que se foi, vítima de duas doenças terríveis: o câncer e Covid. Sua vida foi dedicada ao trabalho e a família. Deixa um legado para todos nós, de que ser correto e honesto, são valores incontestáveis e que devem ser seguidos.

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Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

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