Há uma linha tênue entre ser solidário e se anular. Ajudar o próximo é virtude, mas não pode se transformar em um fardo que nos sufoque, nos adoeça ou nos impeça de seguir adiante. Não facilite a vida dos outros se, para isso, você tiver que dificultar a sua. Essa reflexão não nasce do egoísmo, mas da sabedoria.
Muitas vezes, por medo de decepcionar, por excesso de bondade ou pela necessidade de aprovação, acabamos carregando pesos que não nos pertencem. Dizemos “sim” quando o coração pede “não”, abrimos mão de sonhos, de tempo, de saúde emocional e até de dignidade para resolver problemas que cada um deveria enfrentar por si. Com isso, não salvamos ninguém — apenas nos perdemos um pouco mais de nós mesmos.
Cuidar de si também é um ato de responsabilidade. Quem vive sempre no limite, tentando sustentar o mundo nas costas, acaba esgotado, amargo e incapaz até de ajudar quando realmente importa. A verdadeira generosidade nasce do equilíbrio, não do sacrifício constante de si mesmo.
Aprender a estabelecer limites é um sinal de maturidade. É entender que cada pessoa tem sua própria caminhada, suas escolhas e consequências. Estender a mão é nobre; permitir-se ser usado, explorado ou ferido repetidamente não é virtude, é negligência consigo mesmo.
Portanto, ajude quando puder, compartilhe quando houver condições, esteja presente quando seu coração estiver inteiro. Mas jamais se diminua para que outros cresçam às custas da sua dor. Quem se respeita ensina, pelo exemplo, que amor ao próximo começa, necessariamente, pelo amor-próprio.
Simples como a Vida
Alan Ribeiro – Seu Melhor Amigo
