Por Deltan Dallagnol
Martin Luther King Jr., pastor e ativista norte-americano, lembrava sempre em seus discursos que “as classes privilegiadas nunca desistem dos seus privilégios sem forte resistência”. Privilégios que naquele distante ano de 1955, em Montgomery, no estado norte-americano do Alabama, levaram à prisão Rosa Parks, uma mulher negra de meia-idade, costureira, por se recusar a dar assento a um passageiro branco em um ônibus. Essa prisão foi o estopim de um movimento não violento contra a discriminação e a segregação racial nos Estados Unidos, liderado pelo jovem pastor Martin Luther King Jr., de Montgomery, então com apenas 26 anos. A mobilização pelos direitos civis se fez ouvir por meio de boicotes, marchas, ingresso e permanência pacífica em áreas reservadas a brancos, protestos e discursos. Antes de alcançar suas grandes conquistas, contudo, esse movimento amargou derrotas e dores. Em diversas cidades, enfrentou forte reação contra a população negra por meio de ameaças, violência, prisões, bombas e assassinatos.
Desde 2014, instituições e cidadãos vêm empreendendo o maior esforço da história brasileira contra a corrupção. No entanto, recentemente, o combate à corrupção vem sendo desmontado por uma série de decisões judiciais e novas leis. No processo civilizatório, há frequente tensão entre forças do avanço e do retrocesso, pois, repita-se, “as classes privilegiadas nunca desistem dos seus privilégios sem forte resistência”.