
Foi Thomas Jefferson, valendo-se de uma hipérbole, quem melhor destacou o papel da imprensa na vida pública de uma nação. Disse ele: “Se pudesse decidir se devemos ter um governo sem jornais ou jornais sem governo, não vacilaria um instante em preferir o último”. Felizmente, podemos ter – e teremos sempre – ambos.
Ruy Barbosa dizia que a imprensa são os olhos e os ouvidos da sociedade. Um governo sensato, portanto, não pode jamais abdicar de tal convívio, ainda que nem sempre pontuado por amenidades.
Mas é da tensão que daí decorre que se nutre o interesse público. Sabemos que a verdade é uma só, mas nem sempre é percebida da mesma maneira. Daí a riqueza que surge da controvérsia, cada qual destacando de um mesmo fato aspectos distintos, fixando prioridades diferenciadas.
A imprensa, nesse sentido, é parte da governança. O ruído que produz, mesmo quando problemático ou mesmo injusto, é sadio, gera movimento, reflexão. Somente nas ditaduras há silêncio, o silêncio dos cemitérios. A democracia é barulhenta, controversa.
Faço esse preâmbulo a propósito de mais um aniversário, o 39º, de um dos órgãos mais combativos e representativos da imprensa goiana – o Diário da Manhã.
Fundado em 1980 pelo casal Batista Custódio e Consuelo Nasser, rapidamente ocupou posição de destaque no cenário midiático goiano. Pagou em alguns momentos o preço caro da independência, enfrentando, inclusive, a falência, mas sabendo reerguer-se, reocupar o seu lugar e exercer o seu protagonismo.
A democracia – o pior dos regimes, excetuados todos os outros, conforme Winston Churchill – depende, entre outros insumos, da presença atuante de uma mídia independente. Hoje, essa mídia não se restringe aos jornais convencionais, impressos, embora deles não prescinda. Mas há o acréscimo dos veículos eletrônicos e digitais e as cada vez mais acessadas redes sociais. A tecnologia ampliou o espectro jornalístico, mas a essência de sua atuação é a mesma.
O Diário da Manhã atualizou-se e se faz presente também no campo digital, sem perder as características que o fazem personagem central na vida pública goiana. E o destaque que lhe quero dar, na ocasião de mais um aniversário, é justamente este: o de ser um órgão voltado fundamentalmente para Goiás.
Cuida de nossa gente, investiga, reflete seus anseios, carências e perplexidades. Conhece nossa história, a memória de seus erros e acertos. Nem sempre estamos de acordo – e felizmente há eventuais divergências, que nos fazem de parte a parte examinar com maior acuidade nossas decisões e convicções.
Governa-se para o público e é indispensável saber o que quer e o que pensa. Não há termômetro mais preciso quanto a isso que a imprensa. Nesses termos, a longevidade de um órgão como o Diário da Manhã tem a dimensão de uma festa cívica, a que o governo de Goiás, sem perder de vista a independência de cada qual, se associa e parabeniza.
Ronaldo Caiado é governador de Goiás.