O primeiro Datafolha do segundo turno confirma que Jair Bolsonaro, com 58% dos votos válidos, é o favorito deste pleito contra 42% dos de Fernando Haddad. Foram ouvidas 3.235 pessoas e a margem de erro é de dois pontos. Como no primeiro turno, o militar só perde no Nordeste. Mas vence com larga vantagem no Sudeste, entre as pessoas mais ricas, entre as escolarizadas, assim como entre evangélicos e católicos. (Folha)
Paulo Celso Pereira: “Os 16 pontos que separam Bolsonaro de Haddad são oceânicos, especialmente em uma eleição polarizada. Ficou evidente, pelos resultados do primeiro turno, que muitos eleitores de Marina e Alckmin anteciparam para o domingo seu voto útil. Ao sair das urnas com 46%, contra 29% de Haddad, Bolsonaro colocou um pé no Planalto. Hoje, começou a mover o outro. Será hercúlea a tarefa de derrotar Bolsonaro. A histórica militância do PT é hoje visivelmente menor que a massa de adoradores do deputado, as estruturas partidárias não tem mais o peso de outrora e a eleição foi marcada por um sentimento de renovação. A única trilha que ainda parece aberta é a de um eventual erro de grandes proporções de Bolsonaro e de seu entorno — o que, pelo histórico recente, não é de todo desprezível.” (Globo)
Marcos Nobre: “Evitar o abismo exige um pacto de salvação institucional que tem de colocar o PT necessariamente em segundo plano. Haddad só tem chance se conseguir mobilizar a sociedade. A sociedade, e não um círculo restrito a partidos, sindicatos ou movimentos. Tem de construir uma onda que possa se contrapor à que colocou Bolsonaro onde está. Tem de conversar e de pactuar uma frente com uma multidão de figuras do mundo da internet, da indústria, dos novos coletivos sociais, da finança, da cultura, do agronegócio, de ONGs, da televisão e de tantos outros lugares. Onde quer que exista repulsa, ojeriza ou alguma restrição a Bolsonaro, aí tem de estar a candidatura de Haddad, pronta a acolher energia e apoios. Para isso, tem de convencer de que está à altura da gravidade do momento. Tem de dar garantias. Tem de convencer de que estará acima de seu próprio partido. Ganhar a eleição é a menor parte do problema. A sociedade está enfurecida. A eleição para os legislativos aumentou a fragmentação partidária ao ponto do ingovernável. É um condomínio sem síndico, administradora ou regulamento interno. A chance de o prédio virar uma guerra é alta. A chance de uma regressão autoritária à maneira da Turquia entrou no horizonte. Ignorado desde Junho de 2013 em seu clamor pela reforma do sistema político, o eleitorado resolveu espalhar, bagunçar e mesmo quebrar as peças do tabuleiro, destruindo os arranjos existentes. O que está em causa no segundo turno é, antes de qualquer outra coisa, demonstrar capacidade de remontar essas peças em um arranjo que funcione, no qual o eleitorado possa de novo se reconhecer minimamente.” (Piauí)
Pois é… A senadora Kátia Abreu sugeriu que Haddad renunciasse à candidatura. Pelas regras, se um candidato renuncia ou morre durante o segundo turno, o terceiro lugar seria convocado à disputa. Ciro Gomes, do qual Kátia estava na chapa como vice.
Pois é… Bolsonaro deu uma confusa entrevista à própria Band, na noite de terça. E se afastou da possibilidade de privatizar a Eletrobrás, surpreendendo quem esperava uma pegada mais liberal. “Energia elétrica a gente não vai mexer”, disse. “Até converso com o Paulo Guedes, mas o que dá errado lá é indicação política. A China está comprando o Brasil, você vai deixar nossa energia na mão do chinês?” As ações da estatal despencaram. Assista.O debate marcado para amanhã na Band foi adiado: Bolsonaro informa que ainda não foi liberado por médicos. Haddad afirmou que vai à enfermaria em que ele estiver para debater. A RedeTV também cancelou o debate que ocorreria na segunda.
Enquanto isso… Uma jovem com camisa ‘Ele Não’ teve o corpo marcado com uma suástica a canivete, em Porto Alegre. O delegado que investiga o caso negou que fosse a marca nazista. “É um símbolo milenar budista”, explicou à Rádio Gaúcha. “Símbolo de amor, paz e harmonia.”Ilona Szabó: “A polarização venceu e — não se iludam — perdemos todos. Os populistas e autoritários sabem que é muito mais simples dividir do que construir uma causa comum. Espalharam um ódio mortal que está dilacerando relações entre familiares, amigos e incitando a violência real. Sejamos justos, o discurso do ‘nós contra eles’ não começou com Bolsonaro. Lula usou e ainda usa essa tática. Mas seu opositor extrapolou. Segunda pela manhã recebi a notícia de que o mestre de capoeira Moa do Katendê, 63, foi assassinado com 12 facadas após declarar que tinha votado em Haddad. Esse crime é de responsabilidade direta do discurso de ódio, racismo, misoginia e preconceito que vem sendo disseminado nos últimos anos. E esse primeiro crime fatal de ódio no período eleitoral se soma a muitas outras situações por todo o Brasil. Em São Paulo, um grupo hostiliza gays em público: ‘Ô bicharada, toma cuidado, o Bolsonaro vai matar viado’. No Rio, um homem ameaça mulheres no metrô, dizendo que Bolsonaro vem aí e que as ‘vagabundas que se cuidem’. Em Natal, professor de história é ameaçado de morte depois de uma aula onde falou sobre Lei Rouanet. Em Fortaleza, jovem é agredido por um grupo, pois estava com camisa vermelha. Essas manifestações se normalizaram e fazem parte da animação de seguidores cegos, em comícios e passeatas Brasil afora. A história cobrará o preço a todos nós diante da escolha que teremos que fazer no dia 28 de outubro. O caminho a seguir é incerto. Os brasileiros podem escolher a política de divisão e o apelo sedutor dos salvadores da pátria. Alternativamente, podem exigir e participar da formação de uma ampla frente democrática, com representantes de todo espectro da sociedade. A sorte está lançada.” (Folha)
Bolsonaro e Haddad se manifestaram preocupados e apelaram para o fim da violência na campanha eleitoral.
O ex-governador goiano Marconi Perillo, que não conseguiu se eleger senador no último domingo, foi preso ontem na Operação Lava Jato. O tucano é suspeito de receber R$ 12 milhões em propina de empreiteiras.
Em São Paulo, a família Bolsonaro rejeitou expressamente apoio ao tucano João Doria. O atual governador, o socialista Márcio França, está numa felicidade só.
Em Minas, o candidato em teoria bolsonarista Romeu Zema declarou que pretende acelerar processos para liberar da cadeia 30% dos presos no sistema prisional, considerados de baixa periculosidade. De todo liberal, não exatamente conservador.
O dia promete ser movimentado nos mercados financeiros. Nos Estados Unidos e na Ásia, a perspectiva de redução do estímulo dos EUA — com o provável aumento da taxa de juros — foi agravada por uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. A bolsa americana teve ontem a maior queda em sete meses, os mercados na Ásia caíram para o menor valor em 19 meses, e as bolsas europeias abriram o dia em queda. (Globo)
Fonte: Meio
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