
O Dia da Consciência Negra é, por essência, um convite à reflexão. Reflexão sobre nossa história, sobre o legado de luta e resistência do povo negro, e sobre as feridas sociais que ainda insistem em permanecer abertas. Mas, para além disso, a data também nos convida a ampliar o olhar — a exercitar não apenas a consciência racial, mas a consciência humana.
Em um país tão diverso quanto desigual, é urgente lembrar que a dignidade deve ser direito de todos. Se hoje celebramos a força, a cultura e o protagonismo do povo negro, também precisamos lembrar daqueles que seguem invisíveis aos olhos da sociedade.
É dia da consciência negra, sim. Mas deve ser também dia da consciência com os menos favorecidos, com os esquecidos, com aqueles que lutam diariamente pela sobrevivência. Entre eles:
- Pessoas em situação de rua, que transformam calçadas em abrigo e enfrentam noites de frio, fome e medo.
- Trabalhadores que recebem apenas um salário mínimo, sustentando famílias inteiras com recursos que mal cobrem as necessidades básicas.
- Crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, privados de oportunidades e, muitas vezes, de proteção.
- Idosos abandonados, que enfrentam a solidão e a falta de assistência.
- Mães solo, que equilibram jornadas exaustivas para garantir o mínimo aos seus filhos.
- Pessoas negras ainda reféns do racismo estrutural, que se manifesta no mercado de trabalho, na educação, na segurança pública e nas relações sociais.
- Moradores das periferias, onde faltam saneamento, serviços essenciais, transporte digno e segurança.
- Pessoas com deficiência sem acesso à inclusão real, que enfrentam barreiras físicas e sociais diariamente.
- A população LGBTQIA+ vulnerável, vítima de violência, preconceito e exclusão.
- Trabalhadores informais, que dependem do improviso e da sorte para garantir o sustento do dia.
- Pequenos agricultores e famílias do campo, muitas vezes esquecidos pelas políticas públicas.
- Jovens sem acesso à educação de qualidade, que têm seus sonhos limitados pela desigualdade.
- Imigrantes e refugiados, que buscam recomeçar, mas encontram muro atrás de muro.
A consciência negra deve caminhar junto da consciência social. Pois não basta reconhecer o valor de uma raça se continuamos a ignorar aqueles que, historicamente, sempre estiveram à margem.
Que este 20 de novembro — e todos os dias — nos inspire a levantar a cabeça, olhar ao redor e perceber que a igualdade que defendemos precisa começar no cotidiano, nas pequenas ações, no acolhimento, na empatia e no compromisso com a justiça.
Que seja, portanto, Dia da Consciência Negra.
Mas que seja também Dia da Consciência Humana, da responsabilidade coletiva, da solidariedade e do respeito à dignidade de todos.



