
As amizades de hoje já não se parecem com aquelas do passado. São amizades de curtidas, de respostas rápidas, de conversas abreviadas e laços rasos. São relações que parecem muito, mas significam pouco. Amizade virou luxo emocional… e dos caros.
Tem dias em que a gente sente falta de alguém — mas não sabe mais quem seria esse alguém. Estamos rodeados de gente, de telas, de contatos, de grupos… mas é raro encontrar quem realmente está. O que antes era afeto virou função; presença virou notificação; cuidado virou emoji. E, no silêncio das mensagens que nunca chegam, a gente vai engolindo a sensação amarga de ser esquecível.
Chamamos de amizade aquilo que, muitas vezes, não passa de troca de conveniência. Contatos, oportunidades, redes, interesses. A intimidade deu lugar à utilidade. A profundidade deu lugar ao “se der eu vejo”. E o coração, esse tolo, continua insistindo em procurar o que quase ninguém mais oferece: vínculo de verdade.
Mas amizade real ainda existe. Existe nos poucos que ficam quando o barulho cessa. Nos que te conhecem até no que você esconde. Nos que te ouvem sem julgar, sem corrigir, sem transformar seu desabafo em pauta. Nos que seguram sua queda em silêncio, mas nunca somem. Nos que não precisam estar sempre perto para serem sempre presentes. Afeto assim não é romantismo… é sobrevivência emocional.
E você? Ainda sabe quem caminharia com você se tudo desmoronasse amanhã? Quem colocaria a mão no seu ombro, não para aparecer, mas para sustentar? Quem estaria ali sem fotografia, sem plateia, sem interesse — só porque é amigo?
Agradecimento especial
Ontem, quando precisei ser medicado após um quadro de pré-infarto, pude sentir na pele — e na alma — o valor das verdadeiras amizades. Aos amigos que foram solidários, que enviaram palavras de força, que fizeram silêncio comigo e por mim, que estenderam a mão sem pedir nada em troca… meu muito obrigado. Vocês provaram que amizade de verdade ainda existe, e que ela cura mais do que qualquer remédio.
Alan Ribeiro



