
Um irmão me enviou esta mensagem:
“Meu querido irmão! Mas o Catolicismo é um grupo de pessoas que quer construir um mundo! Igual à maçonaria! Porque todo alvo do católico é dinheiro! Não é pregar o Reino de Jesus! O catolicismo foi criado para destruir a verdadeira igreja dos discípulos de Jesus.”
Primeiro, o texto sobre Maria e a centralidade de Cristo foi simplesmente um relato do que o papa Leão XVI estabeleceu. Trata-se de uma explicação dos fatos referentes ao documento Mater Populi Fidelis (“Mãe do Povo Fiel”), aprovado pelo Vaticano como orientação sobre determinados títulos atribuídos a Maria. A declaração reafirma a dignidade única da Mãe de Jesus, ao mesmo tempo em que estabelece limites claros para evitar interpretações que obscureçam a verdade central da fé: somente Jesus Cristo é Redentor e Mediador. O documento afirma de forma inequívoca que Jesus Cristo é o único Redentor, o único Mediador entre Deus e a humanidade, o único nome pelo qual importa que sejamos salvos. Maria não compartilha nem complementa essa mediação; ela a recebe, dela participa de forma subordinada, e aponta inteiramente para Cristo.
Segundo, existe uma grande confusão quando as pessoas identificam a Igreja Católica como a Ekklesia de Deus. A instituição católica, assim como a maçonaria, opera com estruturas que nada têm a ver com a Ekklesia revelada nas Escrituras. Mas isso também se aplica a todas as outras denominações cristãs. Ao longo da história, tanto a instituição católica quanto a maçonaria foram associadas a riqueza, poder, influência, propriedades, hierarquia e controle institucional. Essas características pertencem a organizações humanas, não à Ekklesia de Jesus.
De acordo com as Escrituras, a Ekklesia nunca é definida por dinheiro, autoridade política, cargos religiosos, templos ou sistemas hierárquicos. Jesus não estabeleceu uma instituição, uma corporação ou uma organização de autoridade humana. Ele chamou um povo para Si, um corpo de discípulos nascidos do alto, uma assembleia espiritual sob Seu reinado. A Ekklesia é um corpo vivo, não uma estrutura institucional. Não possui sede terrena, nem hierarquia clerical, nem sistema de cargos religiosos. Cristo é o único Cabeça.
A Igreja Católica, porém, desenvolveu-se ao longo dos séculos como uma grande instituição global, com vastas propriedades, influência política, hierarquia complexa, sistemas financeiros e grande poder social. A maçonaria, por sua vez, formou uma rede estruturada com graus, rituais, contribuições, propriedades e influência. Como ambas operam com elementos visíveis do poder humano – dinheiro, hierarquia, estruturas e identidade institucional – muitos as associam. Mas nada disso se parece com a Ekklesia anunciada por Jesus.
A confusão surge porque ekklesia foi traduzida como “igreja”, e o termo “igreja” passou a ser aplicado a instituições, catedrais, hierarquias e corporações religiosas. As Escrituras nunca usam ekklesia para descrever nada disso. Quando as pessoas chamam a Igreja Católica e todas essas denominações e movimentos cristãos de Ekklesia, misturam o que é nascido do alto com o que é construído por mãos humanas. Confundem o corpo espiritual de Cristo com um sistema moldado por estruturas terrenas.
A Ekklesia não é a Igreja Católica, nem qualquer outra instituição criada pelos homens. A Ekklesia é o povo no qual Cristo habita, discípulos chamados a viver sob Seu reinado, sem depender de templos, posições ou estruturas de autoridade humana. Quando separamos o que é bíblico do que é institucional, a confusão desaparece e a clareza do Reino de Deus é restaurada.
Terceiro, de muitas maneiras, as religiões e denominações cristãs, grandes ou pequenas, são construídas sobre dinheiro. Seus sistemas dependem de arrecadações constantes, dízimos, ofertas, campanhas, promessas e mecanismos financeiros para sustentar o que chamam de “ministério” ou “obra da igreja”. Operam baseadas em orçamentos, salários, edifícios e estruturas administrativas. Mas nada disso se alinha com o mandamento original de Jesus:
“E, indo, pregai, dizendo: ‘O reino dos céus está próximo.’ Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça daí. Não possuais ouro, nem prata, nem cobre em vossos cintos; nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento.”
(Mateus 10:7–10)
Jesus não ordenou Seus discípulos a construírem ministérios, criarem organizações, levantarem fundos ou erguerem sistemas religiosos. Ele lhes disse para ir, pregar o Reino, curar, servir e dar de graça o que de graça receberam. A provisão viria de Deus e através daqueles para os quais Deus os enviaria.
Não existe uma resposta simples ou curta para este assunto, porque ele toca séculos de tradição, desenvolvimento institucional e a transformação do Evangelho em sistemas de religião. O padrão bíblico da Ekklesia é simples, relacional e totalmente dependente da vida de Cristo. O padrão da religião cristã, porém, frequentemente depende de estruturas, edifícios, orçamentos e sistemas que não se parecem com os mandamentos de Jesus. Isso exige discernimento, paciência e um retorno às Escrituras, e não às tradições.
E, sinceramente, a forma como estabelecemos nossas instituições, ministérios e até nossos papéis pessoais dentro do que chamamos de “igreja” tornou-se muito mais sobre os andaimes que construímos do que sobre a Ekklesia de Deus. Esses sistemas deveriam ser suportes temporários, mas nós os tornamos permanentes. Começamos a investir nossa força, atenção e lealdade nos andaimes enquanto negligenciávamos o edifício real. Os sistemas tornaram-se a prioridade, e a Ekklesia, o corpo vivo que Jesus está edificando, tornou-se oculta e ofuscada por nossas construções.
Fomos chamados a ser vasos pelos quais Cristo edifica Sua Ekklesia, mas acabamos valorizando mais os andaimes do que o Construtor. Passamos a servir o sistema em vez do Senhor. Defendemos instituições, mantemos estruturas e preservamos ministérios, enquanto a casa espiritual que Deus deseja permanece intocada. Em vez de nos tornarmos pedras vivas ajustadas nEle, tornamo-nos zeladores de estruturas que não podem manifestar o Reino.
A tragédia é que aquilo que Jesus edifica é simples, vivo, relacional e totalmente dependente dEle. Mas o que construímos ao redor disso é complicado, pesado, caro e dependente de dinheiro, autoridade humana e manutenção institucional. Quanto mais atenção damos aos andaimes, menos clareza temos sobre a Ekklesia. E, a menos que retornemos à simplicidade de Jesus, à supremacia de Cristo e à revelação do Seu Reino, continuaremos sustentando estruturas temporárias em vez de participarmos da casa espiritual que Ele está edificando.



