Os filhos de Deus devem dar o Dizimo de pelo menos 10% de sua renda à Igreja para serem abençoados?

BOM DIA!

Deus não está buscando dez por cento — Ele está buscando cem por cento. Os filhos de Deus pertencem totalmente a Ele: nossas vidas, nossos recursos, nosso tempo e nossos talentos são dEle.

O dízimo é um dos temas mais debatidos e mal aplicados na Igreja. Por gerações, muitos ouviram que a bênção de Deus depende de dar dez por cento de sua renda — e que deixar de fazê-lo traz maldição. Isso reduz a oferta a uma transação, movida pelo medo e pela obrigação, em vez do amor e da liberdade.

O Novo Testamento revela uma verdade maior: em Cristo, os filhos de Deus já são abençoados. A cruz pôs fim ao sistema de deveres religiosos e o substituiu por uma generosidade nascida do amor. Não damos mais para conquistar o favor de Deus; damos porque o favor dEle já é nosso.

Essas afirmações não têm o objetivo de desencorajar a generosidade, mas de colocá-la sobre o verdadeiro fundamento. O dízimo da antiga aliança foi cumprido em Cristo e, em seu lugar, o Espírito Santo nos conduz a uma entrega alegre, voluntária e sacrificial.

  1. A Expectativa Religiosa

Em muitas tradições da igreja, o ato de dar foi enquadrado como um dever ligado a porcentagens — a ideia de que dez por cento é o padrão obrigatório para todo crente. Isso transforma a generosidade em uma regra legalista, em vez de uma resposta de amor. As pessoas ficam ansiosas, temendo perder a bênção de Deus se não alcançarem o número, ou orgulhosas se o fizerem.

Essa abordagem tira o foco da obra consumada de Cristo e o coloca no cálculo humano. O Novo Testamento nunca ensina que os filhos de Deus estão presos a essa fórmula.

  1. A Cruz Encerra a Obrigação

O Evangelho declara que, em Cristo, não há sistema de taxas ou porcentagens. A suficiência da cruz significa que tudo o que somos e temos já pertence a Deus.

“Porque fostes comprados por preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” (1 Coríntios 6:20)

“Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz.” (Colossenses 2:14)

O dízimo pertencia à lei da antiga aliança, ligado ao sistema do templo e ao sacerdócio de Israel (Levítico 27:30–34; Números 18:21). Em Cristo, tanto o templo quanto o sacerdócio foram cumpridos, e a lei da obrigação foi removida.

  1. O Mau Uso de Hebreus 7 e Mateus 23

Muitos pregadores ainda apontam para Hebreus 7 e Mateus 23 para defender o dízimo como se fosse um mandamento para os filhos de Deus. Mas isso distorce o Evangelho.

Hebreus 7 não estabelece o dízimo para a Igreja; exalta o sacerdócio eterno de Cristo como superior ao de Levi. O dízimo de Abraão a Melquisedeque foi um ato único, não uma lei obrigatória. O autor conclui que uma mudança de sacerdócio implica uma mudança de lei (Hebreus 7:12).

Em Mateus 23, Jesus estava falando aos fariseus que ainda viviam sob a Lei de Moisés, antes da cruz. Eles eram obrigados a dizimar porque a lei ainda estava em vigor. As palavras de Jesus ali não colocam os discípulos da Nova Aliança novamente sob esse sistema. Depois de Sua morte e ressurreição, toda a lei baseada no templo, incluindo o dízimo, foi cumprida nEle.

Os apóstolos nunca ordenaram que os crentes dizimassem. Em vez disso, ensinaram a generosidade que flui da graça (2 Coríntios 8–9). Os filhos de Deus são livres: não dão para serem abençoados, mas porque já são abençoados, e dão com alegria, conforme o Espírito os conduz.

  1. O Mau Uso de Malaquias 3

Malaquias 3:8–10 é frequentemente usado para pressionar os crentes, com pregadores afirmando que deixar de dizimar é “roubar a Deus” e atrai maldição. Mas essa passagem foi dirigida a Israel sob a Lei de Moisés.

O dízimo naquela aliança não era dinheiro, mas produtos agrícolas e animais, separados para sustentar os levitas, os sacerdotes e o sistema do templo. O “celeiro” era um cômodo literal no templo, onde se guardavam grãos, azeite e alimentos para os ministros e os pobres. A advertência de Malaquias era sobre a infidelidade de Israel à aliança, não sobre os discípulos da Nova Aliança em Cristo.

A maldição e a bênção eram covenantais: a obediência trazia prosperidade material, e a desobediência, maldição (Deuteronômio 28). Mas, em Cristo, a maldição foi levada na cruz (Gálatas 3:13), e toda bênção já nos pertence (Efésios 1:3). Aplicar Malaquias 3 à Igreja é ignorar a obra consumada de Jesus.

O Novo Testamento nunca reaplica Malaquias 3. Em vez disso, ensina uma generosidade que flui da graça, não da coerção:

“Cada um contribua segundo propôs no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.” (2 Coríntios 9:7)

“De graça recebestes, de graça dai.” (Mateus 10:8)

Em Cristo, não damos para escapar de uma maldição nem para comprar uma bênção. Generosidade não é um imposto para agradar a Deus, mas o transbordar natural de corações transformados pela graça.

  1. O Que Jesus e os Profetas Ensinaram

Em vez de enfatizar o dízimo, Jesus e os profetas revelaram o coração de Deus pela misericórdia, justiça e generosidade. A preocupação de Deus nunca foi com porcentagens de renda, mas com vidas entregues em amor — cuidando dos pobres e andando em retidão.

“Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber…” (Mateus 25:35)

“Porventura não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade… que repartas o teu pão com o faminto e recolhas em casa os pobres desamparados?” (Isaías 58:6–7)

“Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, ames a misericórdia e andes humildemente com o teu Deus?” (Miquéias 6:8)

“Executai juízo verdadeiro, mostrai piedade e misericórdia cada um a seu irmão. E não oprimas a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre.” (Zacarias 7:9–10)

Os apóstolos carregaram essa mesma visão para a Nova Aliança:

“Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum, mas a fé que opera pelo amor.” (Gálatas 5:6)

“A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo.” (Tiago 1:27)

“Quem, pois, tiver bens do mundo e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar o coração, como permanece nele o amor de Deus?” (1 João 3:17)

Dos profetas a Jesus e aos apóstolos, a mensagem é a mesma: os filhos de Deus não são medidos pelo dízimo, mas pelo amor em ação. A verdadeira generosidade não está em alcançar uma porcentagem, mas em refletir o coração de Deus — cuidando dos necessitados, aliviando fardos e vivendo na liberdade da graça.

  1. A Generosidade no Novo Testamento

Paulo, em suas palavras de despedida aos presbíteros de Éfeso, lembrou-lhes o coração do ensino de Jesus:

“Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.” (Atos 20:35)

Essa afirmação poderosa resume a essência da generosidade no Novo Testamento. Dar não é perda — é participar da alegria da natureza de Deus. Dar é compartilhar da bênção de Cristo, que Se entregou por nós.

Paulo nunca ordenou o dízimo. Em vez disso, chamou os crentes à generosidade voluntária e alegre. Seu ensino eleva a oferta do campo da obrigação e da porcentagem para a liberdade da graça.

“E digo isto: O que semeia pouco, pouco também colherá; e o que semeia em abundância, em abundância também colherá.” (2 Coríntios 9:6)

“Cada um contribua segundo propôs no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.” (2 Coríntios 9:7)

Para Paulo, dar nunca foi uma forma de obter o favor de Deus nem de fugir de maldições. Era o transbordar natural de corações transformados pelo Evangelho.

“Porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre; para que, pela sua pobreza, fôsseis enriquecidos.” (2 Coríntios 8:9)

“Mas para que haja igualdade, neste tempo presente a vossa abundância supra a falta dos outros, para que também a abundância destes venha a suprir a vossa falta.” (2 Coríntios 8:14)

Paulo ensinou que dar não era manter instituições, mas suprir necessidades e expressar amor, para que ninguém no corpo de Cristo passasse necessidade. Aos filipenses, ele elogiou não o tamanho da oferta, mas o coração deles:

“Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta.” (Filipenses 4:17)

No Novo Testamento, dar é sempre relacional, não transacional. É um ato de amor, guiado pelo Espírito e expresso com alegria. Em Cristo, dar flui da graça, não da lei.

  1. Confrontando o Sistema Religioso

Quando olhamos para Abraão e Jacó — os dois homens frequentemente usados como exemplos de dízimo antes da Lei — o quadro é muito diferente do que se prega hoje.

Abraão deu o dízimo dos despojos da guerra a Melquisedeque (Gênesis 14:18–20). Foi um ato único e voluntário de honra. Em nenhum momento se vê Abraão dizimando regularmente de seus bens, nem há mandamento divino para isso. Hebreus 7 cita esse episódio apenas para mostrar que o sacerdócio de Cristo é maior que o de Levi — não para estabelecer o dízimo como regra.

Jacó fez um voto condicional em Betel (Gênesis 28:20–22): se Deus o guardasse, ele daria o dízimo de tudo. Não foi um mandamento de Deus, mas uma promessa nascida do medo. E a Escritura nunca registra que Jacó tenha cumprido esse voto.

O dízimo organizado e repetido só apareceu depois, com Moisés, vinculado ao templo, aos levitas e à aliança de Israel.

Para os que estão em Cristo, tanto o templo quanto o sacerdócio se cumprem nEle. Por isso o Novo Testamento nunca ordena aos crentes que dizimem como Abraão ou Jacó. Em vez disso, chama-nos a algo muito maior: uma vida de generosidade guiada pelo Espírito, livre de obrigação.

A igreja moderna muitas vezes usa o dízimo como ferramenta de arrecadação, manipulando as pessoas com medo ou promessas de bênção. Mas o Evangelho confronta essa distorção: não damos para sustentar instituições, mas para expressar amor, suprir necessidades e avançar o Reino.

Deus não está buscando dez por cento — Ele está buscando cem por cento. Os filhos de Deus pertencem totalmente a Ele: nossas vidas, nossos recursos, nosso tempo e nossos talentos são dEle.

A verdadeira liberdade em Cristo não está em reter o que possuímos, mas em liberar em amor. A generosidade é a linguagem dos filhos de Deus; reter é sinal de um coração ainda preso pelo medo ou pelo egoísmo.

A Igreja nas primeiras décadas expressou isso claramente:

“Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens e distribuíam o produto entre todos, conforme a necessidade de cada um.” (Atos 2:44–45)

“Não havia entre eles nenhum necessitado; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido… e se repartia a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.” (Atos 4:34–35)

Isso não era lei, mas amor. Não pagavam taxas; compartilhavam vida. O Espírito produziu uma generosidade tão profunda que ninguém ficava em falta — e esse mesmo Espírito ainda opera em nós hoje.

Amar é dar — porque o amor verdadeiro não se fecha em si mesmo; ele sempre transborda, alcançando outros com a mesma graça que recebemos.

Ao mesmo tempo, o Evangelho confronta líderes que transformam o ministério em negócio. O chamado para pregar Cristo nunca foi licença para explorar o povo de Deus.

“Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.” (1 Coríntios 9:14)

Isso significa que os ministros podem ser sustentados, mas sempre com humildade, serviço e dependência de Deus.

O que o Novo Testamento rejeita é a distorção do ministério em comércio.

“Homens corruptos de entendimento… que julgam que a piedade é fonte de lucro; aparta-te dos tais.” (1 Timóteo 6:5–6)

“Apascentai o rebanho de Deus… não por ganância, mas de boa vontade.” (1 Pedro 5:2)

A prosperidade verdadeira no ministério não vem da manipulação ou da pressão, mas do fluir da bênção de Deus sobre o trabalho fiel.

“De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário. Vós mesmos sabeis que estas mãos serviram às minhas necessidades e às dos que estavam comigo.” (Atos 20:33–34)

O Reino de Deus não avança por estratégias de arrecadação, mas pela generosidade guiada pelo Espírito, que glorifica a Cristo e abençoa o Seu povo. Onde há exploração, o Evangelho é traído; onde há serviço sincero, Deus mesmo supre.

Josimar Salum

ASONE

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