O reino de Deus, os justos e os ímpios

BOM DIA!

Uma das revelações mais gloriosas das Escrituras é a vinda de Jesus. Entre os crentes, este é um dos temas mais proclamados e aguardados. No entanto, surgem perguntas inevitáveis: como pode Jesus voltar se Ele mesmo declarou que estaria conosco todos os dias até à consumação dos séculos? Se Ele nunca nos deixou, como pode “voltar”? E quanto ao chamado arrebatamento — o que ele realmente significa? Se ser arrebatado é ser tirado da Terra, então quem é tirado segundo as Escrituras: o justo ou o ímpio? Ser arrebatado é ser removido deste mundo ou é ser plenamente unido a Cristo em glória?

Essas perguntas simples revelam verdades profundas. Muitas expressões comuns no meio religioso não têm base nas Escrituras. Uma das mais repetidas é: “Jesus vai voltar.” Essa frase, porém, não corresponde ao que a Bíblia verdadeiramente ensina. As Escrituras nunca afirmam que Jesus voltará; elas declaram que Ele virá, aparecerá, se manifestará e descerá com poder e glória.

Quando Jesus ressuscitou e antes de ascender ao céu, Ele fez uma promessa que muda totalmente a compreensão sobre Sua presença: “E eis que estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.” (Mateus 28:20) Se Ele está conosco até o fim, como poderia voltar? Ele não se ausentou. Ascendeu ao céu, mas continua presente entre nós pelo Espírito Santo. Em João 14:18, Jesus afirmou: “Não vos deixarei órfãos; virei para vós.”

O verbo grego erchomai significa vir, chegar, manifestar-se — não retornar de um lugar distante. Jesus viria aos Seus discípulos pelo Espírito Santo, e essa promessa se cumpriu no Pentecostes. Desde então, Ele habita em nós e manifesta Sua presença naqueles que O amam e obedecem à Sua Palavra.

No texto grego original do Novo Testamento, nenhum versículo utiliza o verbo correspondente a “voltar” (hypostrephō ou epanérchomai) em referência à vinda de Jesus. As Escrituras nunca descrevem Sua manifestação como um retorno, mas sempre como uma vinda, uma revelação ou uma manifestação gloriosa. Os verbos usados para descrever esse evento são muito específicos e ricos em significado: erchomai (vir, chegar); apokalyptō (revelar-se, manifestar-se); phaneroō (aparecer, tornar-se visível); e katabainō (descer). Nenhum desses termos transmite a ideia de voltar de uma ausência anterior. Todos expressam o movimento de Deus vindo ao encontro do homem, revelando-Se e tornando-Se visível. Assim, o Novo Testamento não apresenta a vinda de Jesus como um retorno, mas como a plena manifestação Daquele que já está presente, habitando em Seu povo e reinando até que todas as coisas sejam restauradas.

Quando os anjos falaram aos discípulos após a ascensão, não disseram que Jesus voltaria, mas que viria: “Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.” (Atos 1:11) A linguagem bíblica é precisa: a vinda de Cristo é a revelação final da Sua presença e glória, não o retorno de alguém ausente.

Jesus mesmo anunciou: “E verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.” (Mateus 24:30) E João declarou: “Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá.” (Apocalipse 1:7) Paulo escreveu: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, com voz de arcanjo e com a trombeta de Deus.” (1 Tessalonicenses 4:16) E Hebreus confirma: “Cristo aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.” (Hebreus 9:28)

Em todas essas passagens, as palavras usadas são vir, descer, aparecer, manifestar-se — nunca “voltar”. A Bíblia não descreve a volta de quem foi embora, mas a manifestação gloriosa Daquele que sempre esteve conosco.

Da mesma forma, é essencial compreender quem será tirado da Terra. Muitos foram ensinados que os justos serão levados ao céu, mas as Escrituras ensinam o oposto: são os ímpios que serão removidos, enquanto os justos permanecerão e herdarão a Terra — a nova Terra, onde habita a justiça. “Eles dirão: ‘O que houve com a promessa da sua vinda? Desde que os antepassados morreram, tudo continua como desde o princípio da criação.’ Mas, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça.” (2 Pedro 3:4,13) “Porque os retos habitarão a terra, e os íntegros permanecerão nela; mas os ímpios serão eliminados da terra, e os aleivosos serão dela desarraigados.” (Provérbios 2:21–22) “O justo nunca será removido, mas os ímpios não habitarão a terra.” (Provérbios 10:30) “Os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no Senhor herdarão a terra… Os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de paz. Os justos herdarão a terra e nela habitarão para sempre.” (Salmos 37:9–11,29)

Jesus explicou na parábola do joio e do trigo: “Mandará o Filho do Homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo e os que cometem iniquidade, e os lançarão na fornalha de fogo… Então os justos resplandecerão como o sol no reino de seu Pai.” (Mateus 13:41–43)

Nos dias de Noé, o dilúvio levou os ímpios, enquanto Noé e sua família permaneceram. “Como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do Homem… Veio o dilúvio e levou a todos; assim será também a vinda do Filho do Homem.” (Mateus 24:37–39) O padrão é o mesmo: os ímpios são levados, os justos permanecem.

Ser arrebatado, portanto, não é ser retirado da Terra, mas ser tomado por Deus, unido a Ele e transformado à semelhança de Cristo, enquanto os ímpios são tirados. O arrebatamento não é fuga — é encontro: “Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares.” (1 Tessalonicenses 4:17) O texto não fala de deixar a Terra para sempre, mas de sermos reunidos a Ele, pois o próprio Senhor vem reinar.

A vinda de Jesus não é o retorno de um ausente, mas a manifestação visível do Rei que sempre reinou: “Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então vós também sereis manifestos com Ele em glória.” (Colossenses 3:4) “Quando vier para ser glorificado nos seus santos e para se fazer admirável em todos os que creem.” (2 Tessalonicenses 1:10)

Jesus não volta porque nunca foi embora. Ele vem — para manifestar Sua glória, consumar o Reino, julgar os ímpios e glorificar Seus santos. Os céus O retêm até o tempo da restauração de todas as coisas (Atos 3:21), mas Ele continua presente, revelado, ativo, reinando e vivendo em nós.

Não esperamos o retorno de um ausente, mas a manifestação visível Daquele que está conosco agora e estará conosco para sempre. “Vi a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu esposo. Ouvi uma voz que vinha do trono e dizia: ‘Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais Ele viverá. Eles serão o Seu povo; o próprio Deus estará com eles e será o Deus deles. Ele enxugará de seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem pranto, nem dor, pois as coisas antigas já passaram.’ E o que estava assentado no trono disse: ‘Eis que faço novas todas as coisas.’” (Apocalipse 21:2–5)

Josimar Salum
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Alan Ribeiro
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