Há momentos em que a vida parece pedir pausa. O barulho do mundo pesa, as vozes externas se confundem com as internas e, de repente, é a solidão quem se apresenta como o único remédio possível.
Longe de ser um vazio frio, ela é um espaço de reencontro. É dentro dela que descobrimos quem somos quando não há plateia, quando as máscaras podem descansar e o coração encontra liberdade para bater no seu próprio compasso.
Na solidão, as feridas têm tempo para cicatrizar. As lágrimas, antes contidas, encontram o seu caminho, e a alma, tantas vezes esquecida, volta a respirar. É nesse recolhimento que aprendemos a valorizar o silêncio, a ouvir o sussurro da nossa própria essência e a compreender que não precisamos correr sempre — há fases que pedem calmaria.
Esse tempo consigo mesmo não é abandono, mas preparação. É como a terra que descansa antes de florescer novamente. É a noite que antecede a aurora. É o intervalo entre um capítulo e outro de uma história que ainda está sendo escrita.
A solidão, quando aceita com ternura, deixa de ser fardo e se torna ponte. Ela nos ensina que estar só também pode ser estar inteiro, que o amor-próprio é a raiz de qualquer outro amor que desejamos viver.
E assim, quando a vida decidir abrir novamente as janelas e trazer novos encontros, estaremos mais fortes, mais leves e mais prontos. Porque a solidão, no fundo, não é fim, mas um começo disfarçado. Um momento de transição que prepara o coração para a próxima estação.
