
Durante doze longos anos, aquela mulher sofreu. Seu corpo sangrava sem cessar, e sua alma também. Não era apenas a dor física que a consumia, mas o peso do isolamento, da rejeição e da invisibilidade. Na tradição judaica, uma mulher com fluxo contínuo de sangue era considerada impura. Isso significava viver à margem da sociedade, afastada dos rituais religiosos, sem poder tocar ou ser tocada. Ela era, aos olhos dos outros, alguém a ser evitado.
Mas então, ela ouviu falar de Yoshua — o Mestre que curava, que tocava os intocáveis, que via os invisíveis. E ali, em meio à multidão, ela ousou acreditar. Não pediu palavras, não buscou atenção, apenas estendeu a mão e tocou a orla de sua roupa. Tão simples. Tão profundo.
Por que a orla?
A orla das vestes de Yoshua não era qualquer parte de sua roupa. Era onde se encontravam os tzitzit, os cordões sagrados que os judeus usavam como lembrete dos mandamentos de Deus (Números 15:38-40). Ao tocar a orla, aquela mulher não apenas tocava um tecido — ela tocava a promessa, a aliança, o Deus que cura, o Deus que se importa. Foi um gesto de fé radical. Ela não precisou de atenção, ela não precisou de explicação — ela creu que bastava um toque. E estava certa.
Naquele instante, algo maior que a medicina, maior que os anos de dor e rejeição, maior que qualquer tradição humana, aconteceu: ela foi curada. Não só de sua enfermidade, mas de seu isolamento. Yoshua não apenas permitiu o toque — Ele parou tudo, olhou para ela e a chamou de filha. Algo que talvez ela não ouvisse há anos. Não apenas restaurou seu corpo, mas sua identidade, sua dignidade, sua posição social e espiritual.
“Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e sê curada deste mal.”
(Marcos 5:34)
Essa história é mais do que uma cura. É um lembrete de que, quando tudo parece perdido, um ato de fé — mesmo silencioso, mesmo escondido — pode mover o coração de Deus. É a certeza de que não importa o quão excluído você esteja, um toque em Yoshua é suficiente para restaurar tudo.
Porque o que cura não é o tecido…
É o poder que flui d’Ele para quem crê.