
Ele notou que havia, entre muitas catracas comuns, uma de passagem grátis e livre.
Curioso, questionou à vendedora de bilhetes o porquê daquela catraca permanentemente liberada, sem nenhum segurança por perto.
Ela explicou, com naturalidade, que aquela era destinada às pessoas que, por qualquer motivo, não tivessem dinheiro para o bilhete da passagem.
Com sua mente incrédula, estranhando a resposta, não conteve a pergunta que para ele parecia óbvia: E se a pessoa tiver dinheiro, mas simplesmente não quiser pagar?
A vendedora espremeu os olhos límpidos e azuis, num sorriso de pureza constrangedora, e respondeu, objetiva: Mas, por que ela faria isso?
Atônito, o estrangeiro pagou o bilhete e passou pela catraca comum, seguido de uma multidão que também havia realizado o mesmo procedimento que ele.
A catraca livre continuou vazia.
A honestidade é um valor libertador para um povo. É condição fundamental para que seja considerado civilizado.
Como podemos reconhecer uma civilização completa:
Uma civilização completa será reconhecida pelo desenvolvimento moral. Já estamos muito adiantados, porque temos feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque hoje nos alojamos e vestimos melhor do que os selvagens.
Todavia, não seremos verdadeiramente civilizados, senão quando de nossa sociedade houvermos banido os vícios que a desonram, e quando vivermos como irmãos, praticando a caridade cristã.
Até então, seremos apenas povos esclarecidos, que percorreram a primeira fase da civilização.
Fica evidente que estamos construindo uma civilização na Terra. Somos apenas povo esclarecido, na grande maioria.
A corrupção, a desonestidade, ainda desonram nossas sociedades. São vícios morais graves que nos têm trazido consequências desastrosas.
Queixamo-nos de nossos líderes afirmando que são incapazes, egoístas e inescrupulosos. Porém, esquecemos que são apenas amostra do povo que os elege, que os têm como representantes.
A conquista da civilização completa se dá dentro de cada um de nós, quando, individualmente, assumimos uma nova postura.
Se o outro não mudou, a responsabilidade e as consequências são dele. Se aguardarmos a transformação do outro para realizar a nossa, nunca sairemos do estágio moral onde ainda nos encontramos.
Como nação, seremos civilizados, quando cada um de nós, como indivíduo, assim se tornar.
Agir de acordo com o bem comum e não apenas em função do que é melhor para nós; respeitar os limites do nosso próximo e enxergá-lo como irmão de caminhada, são passos iniciais na construção dessa civilização plena por todos sonhada.
Construamos um ser civilizado em nós; depois, através do exemplo, edifiquemos uma família civilizada; essa família honrada, por sua vez, influenciará mais um tanto de pessoas que desfrutam de sua convivência salutar; e assim por diante, até regenerar o mundo todo.
O mundo se transforma, quando nós somos a transformação que desejamos ver nele.