
“Inspirado por Abilio Diniz e pelo meu personal trainer, comecei a rezar todas as manhãs. Leio os jornais e depois rezo.
No início, foi como começar a correr e fazer exercícios, uma decisão intelectual, um gesto de disciplina, que você faz por obrigação e pouco prazer.
Mas, aos poucos, aquilo foi virando um oásis neste momento atribulado que, como qualquer brasileiro vive.
Esta é uma crise braba, em que você tem que fazer sacrifícios para salvar o todo e vencer a crise. Um momento duro, de decisões duras, mas decisões necessárias e inadiáveis.
Neste momento, é preciso pedir a sabedoria que o jovem Salomão pediu a Deus. A sabedoria que David, o estadista, pediu tanto a Deus.
Só mesmo Deus vai nos dar, por meio de seu Espírito Santo, as virtudes que não temos. Por exemplo: paciência, sabedoria, parcimônia.
Davi nos diz em seus Salmos que o Senhor salva o homem e a besta. Tem uma besta em cada homem. E, se deixar a besta solta numa crise como essa, a besta desembesta.
Não rezo para ser santo. Rezo para ser homem, para ser humano. No sentido divino desta palavra: ser um líder humano, um profissional humano, um marido humano, um pai humano.
Humano como Francisco, o Papa, que ao escolher seu nome já apontou o caminho. Que em dois anos tirou a Igreja Católica do intramuros do Vaticano e a trouxe de volta para os homens e as mulheres do mundo todo e de todas as fés.
Arianna Huffington, uma das empresárias e mulheres mais interessantes destes tempos modernos, ensinou a prestar mais atenção em meditação em seu novo livro, “A Terceira Métrica”, publicado no Brasil pela editora Sextante.
Nos Estados Unidos, só se fala em “mindfulness”, ou meditação em inglês. Até no Massachusetts Institute of Technology, o famoso MIT, Meca mundial da tecnologia, se fala disso.
Roberto Zeballos, que é um dos médicos mais modernos do Brasil, fala muito em meditação.
Rezar é meditar. E fortalece muito o ser humano. É bom para quem tem fé, é bom para quem quer ter fé, é bom para quem quer ter paz, é bom para quem quer ter foco e discernimento.
Quando você reza ou medita, você foca, concentra, reúne forças, toma o controle da sua vida. Você toma o controle da besta, como a inveja, a usura, o olho gordo, a pequenez, o medo e os instintos animais que existem dentro de cada um de nós.
Sem a oração e a meditação a gente desembesta a fumar, a beber, a tomar Rivotril. Desembesta a sofrer e a passar as noites acordado. Desembesta a pensar com o fígado em vez de pensar com a cabeça, com o coração e com a alma.
A besta é uma má pessoa e um péssimo ser humano. Rezar é o principal antídoto contra ela.
A oração torna todo dia o dia 25 de dezembro. Por meio da oração nasce a cada dia um menino Jesus em nós. Rezar é um Natal na alma.
Acreditar em Deus evita que a gente se ache Deus. E evita que a gente seja movido pela besta que está no homem.
É por isso que, a cada manhã e a cada noite, eu rezo. Todos devemos rezar. Não para ser santo, como já disse, mas para não ser besta. Para ser homem.
(Texto de Nizan Guanaes com adaptações)