Num tempo em que todos parecem ter pressa de opinar, julgar e reagir, talvez o mais revolucionário dos gestos seja parar… e olhar de novo. Não com os mesmos olhos, mas com outros ângulos. Enxergar além da superfície, além daquilo que salta aos olhos. Essa atitude exige mais do que inteligência — exige humildade, humanidade e coragem.
É fácil rotular pessoas, interpretar falas e classificar acontecimentos à luz das nossas próprias experiências e crenças. Difícil mesmo é se perguntar: “E se eu estivesse no lugar do outro?” ou ainda: “Será que estou vendo tudo o que há para ver?”. Às vezes, uma mesma história ganha novo sentido quando vista com mais empatia e menos ego.
O mundo está cada vez mais barulhento, e nesse ruído constante, o olhar sensível se perde. Mas ele é necessário. Porque por trás de um erro há uma trajetória. Por trás de uma decisão, há uma história de vida. Por trás de um gesto mal interpretado, pode haver dor, medo, ou até um pedido silencioso por ajuda.
Olhar de outros ângulos é entender que nem tudo é sobre nós. É perceber que o que parece absurdo a você talvez seja o único caminho que o outro encontrou para lidar com suas lutas. É reconhecer que não temos todas as respostas, e que as certezas absolutas são, muitas vezes, armadilhas do orgulho.
Que sejamos capazes de enxergar com o coração. De acolher mais e acusar menos. De perguntar mais e apontar menos. Que aprendamos a olhar para os acontecimentos com os olhos da compaixão, pois é aí que a verdadeira sabedoria começa.
Porque só quem aprende a ver de outros ângulos é capaz de construir pontes, em vez de muros.
