Dinheiro em caixa, oposição fraca e Poderes controlados: a coroação de Caiado

Na semana da coroação do rei da Inglaterra Charles III, uma analogia circula nos meios políticos: o governador Ronaldo Caiado, com uma oposição fragilizada e sem resquícios de problemas com os demais Poderes (Legislativo, Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública e, por que não?, até a principal representação da sociedade civil, a OAB-GO), também está “coroado” como o rei de Goiás.

Não sai deste blog essa metáfora, a autora é a jornalista e comentarista Cileide Alves, em sua coluna em O Popular. A analogia entre Charles III e Caiado é dela, na edição do último fim de semana. “Neste dia da coroação do rei Charles III (6 de maio) em Londres cabe uma analogia de linguagem: o reinado de Caiado se consolida com a fraca oposição e com os Poderes controlados. Ele se firma como uma liderança forte em meio ao vácuo da atual transição política geracional”.

Por “transição política geracional”, entenda-se a saída de cena das antigas lideranças estaduais: Iris Rezende e Maguito Vilela morreram, enquanto Marconi Perillo viu seu prestígio evaporar e, ainda que não fisicamente, está morto politicamente. Caiado não disputará eleições no Estado, conforme avisou. E jovens como Daniel Vilela, Alexandre Baldy, Gustavo Mendanha, Bruno Peixoto, Lucas Calil e semelhantes preparam-se para assumir o seu lugar no pódio, a partir de 2026. O “vácuo” é o espaço daqui até lá.

O grande beneficiário de tudo isso é o governo Caiado 2. Não existe, de acordo com o professor Luiz Signates, “nenhum contraponto crítico à atual administração”. Em tom descontraído, alguns deputados da base, federais e estaduais, brincavam há poucos dias em uma roda: o governador virou “Deus”. Faz o que quer. Comanda uma gestão enxuta, racionalizada, com dinheiro de sobra para tocar os projetos na sua opinião melhores para Goiás. Dispõe de R$ 11 bilhões em caixa. A Saneago, R$ 1 bilhão. A dívida foi domada. As despesas, depois de quatro décadas de desequilíbrios, são hoje menores diante das receitas. Nenhum governante do passado chegou perto desse paraíso administrativo.

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Fechando o cenário, não há a menor perspectiva de mudanças a curto e médio prazo. O que aí está, para Caiado, deve permanecer inalterado até 2026. A avenida é larga e está pavimentada para os próximos quatro anos. Nem a renovação geracional incomoda, por razões objetivas: ela está programada mais para a frente, quando chegar a hora da eleição que escolherá o novo governador. Enquanto isso, Caiado 2 terá tempo de sobra para consolidar a sua hegemonia, sem ameaças sérias.

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Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

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