
A fim de cumprir duas das principais promessas de campanha do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin, que comanda a transição, e o relator-geral do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB-PI) disseram ontem que o futuro governo negocia com o Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para garantir a manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600 e dar ao salário-mínimo um aumento acima da inflação. “Decidimos levar aos líderes partidários, aos presidentes da Câmara e do Senado a ideia de aprovarmos uma PEC em caráter emergencial, excepcionalizando do teto de gastos despesas que são inadiáveis”, afirmou Castro. Alckmin lembrou que, para o valor de R$ 600 seja pago em janeiro, é necessário que a dotação esteja aprovada até 15 de dezembro. (CNN Brasil)
A PEC, porém, já enfrenta resistência dentro da base do futuro governo. Aliado de Lula desde a primeira hora, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) a classificou como “uma barbeiragem” e defendeu a busca de alternativas junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), conta o Painel. A crítica de Renan envolve um interesse paroquial. Para ser aprovada este ano, a PEC da Transição precisaria de apoio maciço do Centrão, leia-se de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara e inimigo figadal do senador na política alagoana. (Folha).
As prioridades iniciais do governo Lula não se limitam ao Auxílio Brasil e ao salário-mínimo. Malu Gaspar revela que os aliados do presidente eleito se articulam para diminuir o poder do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que, via Orçamento secreto, foi uma das eminências pardas de Jair Bolsonaro (PL). O PT sabe que Lira já tem votos para se reeleger e não pretende impedi-lo, mas quer montar uma base coesa com MDB, PSD e União Brasil para reduzir sua margem de manobra. (Globo)
O PSD de Gilberto Kassab topa integrar a base, mas não de graça. A conta vem em três partes. A legenda quer “se sentir governando”, ou seja, deseja cargos. Quer apoio federal a estados em municípios que governa ou vai governar, e isso inclui São Paulo, onde apoiou Tarcísio de Freitas (Republicanos). Por fim, exige que o futuro ocupante do Planalto apoie a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) na presidência do Senado. (Folha)
A ideia de atrair o União Brasil pode até parecer delírio, já que parte da legenda era o DEM, que era o PFL, que era antipetista até a medula – além disso, tem entre seus filiados o senador eleito Sérgio Moro (PR). Ontem, porém, o presidente do partido, Luciano Bivar, garantiu que não vai pra oposição e ainda afirmou que existe uma “dívida com a esquerda” por ela ter resistido mais às “fustigações antidemocráticas” dos últimos anos. (Globo)
Para dissipar qualquer dúvida quanto à capacidade de atração do poder, o bispo Edir Macedo, líder da Igreja Universal, disse ontem que seus fiéis devem “perdoar o presidente Lula”, lembrando que foi “eleito pela vontade de Deus”. Bolsonarista raiz até a semana passada, Macedo e sua igreja, que hoje controla o Republicanos, deram apoio ativo a Lula em seus dois mandatos anteriores. (Metrópoles)
A primeira reunião do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, para tratar da transição de governo terminou com uma surpresa. Quando Alckmin, que estava acompanhado da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e do ex-ministro Aloísio Mercadante, se preparava para deixar o Palácio do Planalto, foi convidado (e somente ele) para uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro (PL) em seu gabinete. Mais tarde, já no Congresso, o vice disse que a conversa foi cordial e que Bolsonaro reiterou os “compromissos em relação à transição” (UOL).
Fonte: Meio Comunicação