
A instabilidade econômica provocada pela pandemia, e apimentada pelo crescimento da inflação, tem dificultado o crescimento de empregos com carteira assinada no país.
No entanto, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no mês de agosto 372.263 mil empregos com carteira assinada foram criados, mostrando que a recuperação econômica é uma realidade.
Na verdade, foram criados mais de 2 milhões de empregos com este perfil e demitidos 1,7 mil no mês, devido à rotatividade presente no mercado.
Portanto, 79% das vagas abertas foram fechadas no mês, restando um estoque de 21%, o suficiente para dar novo ânimo ao mercado de trabalho.
A expectativa de resultados ainda melhores dependem do comportamento do PIB, no terceiro e quarto trimestres, uma vez que o resultado alcançado no segundo trimestre jogou um balde de água fria, na equipe econômica, pois a queda foi de -1,0%.
A falta de insumos e/ou matérias-primas tem prejudicado principalmente as montadoras no país, dificultando a produção de veículos.
O segmento é multiplicador de renda e empregos, devido à cadeia produtiva que o alimenta.
O problema na área de insumos é decorrente ainda das paralisações obrigatórias, entre março e julho de 2020, para evitar o avanço da pandemia.
As siderúrgicas cuja produção afeta diretamente o setor automotivo, ao paralisarem suas operações, prejudicaram a produção de aço, matéria-prima presente na produção de veículos automotores, peças e acessórios, além de materiais na construção civil, o que explica as dificuldades encontradas atualmente, impactando diretamente na geração e manutenção de empregos formais.
A situação em questão explica a dificuldade de recuperação da indústria de transformação no país, mesmo em estados como Goiás, cujo PIB no segundo trimestre cresceu 4,4%. O alcance desse resultado contou com a participação de 8,0% do segmento de serviços, a indústria contribuiu com apenas 0,7%.
Portanto, a criação de empregos formais depende diretamente da estabilidade econômica. Só assim novos investimentos serão realizados, melhorando a movimentação dos fatores de produção na atividade produtiva.
*Júlio Paschoal é economista e professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG)