Sem nome com votos, PSDB lança Marconi ao governo

O PSDB goiano quebra a cabeça para tentar se manter no tabuleiro político de Goiás. Legenda que mais perdeu lideranças no Estado nas duas últimas décadas, a sigla que já foi o “Dream Team” da política goiana tem que buscar sobrevivência antes que o comando estadual seja trocado. O último golpe contra o PSDB foi dado – de forma surpreendente – pelo ex-presidente do partido ao abandonar a nave tucana em pleno voo.

Jânio Darrot, que era cotado para ser candidato ao governo, ouviu conselhos da família e de marqueteiros que sentenciaram morte civil da legenda. O ex-presidente foi embora sem dar tchau.

Nos bastidores tucanos, aos moldes do que pregava o ex-prefeito de São Paulo Bruno Covas, cogita-se a limpeza nos diretórios estaduais – e Goiás estaria na lista dos estados que podem receber “lufada de ar fresco”, garante um tucano.

O PSDB nacional diz que o partido precisa ter deputados federais para aumentar a participação no fundo partidário.

E com apenas um deputado federal goiano, o médico Célio Silveira, representante do Entorno do Distrito Federal, a legenda pisa em ovos: se Marconi seguir para a disputa, Célio pode se desfiliar e ingressar no adversário DEM, já que tem cada vez mais se aproximado do governador Ronaldo Caiado (DEM).

A troca para Célio seria óbvia: o coeficiente eleitoral do DEM será maior do que o PSDB e poderá eleger vários deputados – e o DEM, inclusive, tem nomes a serem depostos, já que alguns dos eleitos de 2018 foram apenas regulares em suas atuações em Brasília.

E sem Célio, restaria ao gru-lpo de Marconi o tudo ou nada numa disputa com chances de eleição de um único federal.

Na atualidade, o partido não tem nomes competitivos, fora Marconi – que, apesar de ser liderança inegável, não tem hoje base eleitoral em cidades relevantes. Especula-se que a legenda teria que conquistar pelo menos 250 mil votos para eleger dois federais. Para a eleição de um, o partido teria que ter 150 mil votos aproximadamente.

A matemática é mãe da razão: em uma disputa mais fácil para conquistar votos (em que o eleitor votava em dois candidatos para o mesmo cargo), caso da luta pelo Senado, em 2018, Marconi amargou um quinto lugar, distante da eleição. Daí ser normal o temor de que em uma eleição proporcional, com mais postulantes, a luta pelos votos seja ainda mais dura e contada.

Sem Célio, Marconi teria chances de ser o mais votado, mas corre dois riscos: a não eleição do ex-governador por conta do coeficiente e a perda em definitivo do deputado que garante a robustez dos repasses do fundo eleitoral. Assim, a perda da legenda seria questão de tempo.

Com Célio, Marconi corre também dois riscos que comprometem seu futuro: perder a eleição para Célio e acumular uma derrota que significa perder o controle do PSDB, pelo acumulo de desgastes do grupo.

Por seu turno, em uma visão otimista, Marconi poderia ser eleito federal tanto com Célio como sem o líder do Entorno, fato que poderia rejuvenescer a legenda e garantir imunidade parlamentar para o ex-governador goiano.

Nos últimos dias aumentaram as expectativas de que Marconi será candidato ao governo, conforme se especula na própria imprensa. E a escolha seria por falta de quadros, já que o gestor acumula um passivo histórico na Justiça que inclui denúncias, investigações do Ministério Público, condenações e uma prisão. Marconi iria para o sacrifício pelo time.

José Eliton, outro nome da legenda, não colocou seu nome ainda à disposição. Mas seria uma outra alternativa.

Desgastes eleitorais

Marconi sabe dos desgastes vividos pelo PSDB, após José Eliton ficar em terceiro lugar na disputa pelo governo de Goiás e ele próprio ser o quinto colocado na corrida por duas vagas ao Senado da República.

Ronda sempre os tucanos goianos as denúncias de improbidade administrativa – recebimento de dinheiro ilegal, via caixa dois, na campanha eleitoral de 2014 – por parte de Marconi Perillo e trapalhadas de José Eliton, em 2018, com desvio de rodovia no Nordeste goiano para beneficiar fazenda de sua propriedade particular.

Marconi tem pesquisas qualitativas quantitativas, realizadas este ano, por encomenda do PSDB, que seu nome alcança elevados índices de rejeição junto à população goiana por conta dos acontecimentos ocorridos na administração estadual e também nas campanhas eleitorais.

Único deputado federal do PSDB goiano, Célio Silveira, revela que o principal motivo que o leva a abandonar o partido é a impopularidade da legenda, confirmada em redes sociais e nas conversas com segmentos representativos da sociedade.

Outra demonstração do descrédito dos tucanos em Goiás: em 2020, o então presidente estadual do partido, Jânio Darrot, preteriu o candidato tucano à prefeitura de Trindade, o vice-prefeito Gleysson Cabriny para lançar e apoiar Marden Júnior, do Patriota. Nem mesmo o dirigente principal do PSDB acreditou no próprio partido.

O PSDB admite a candidatura de Marconi Perillo a governador como “blefe eleitoral”, ou seja, uma “peça de marketing”, porque sabe que o ex-governador pretende retornar à cena política concorrendo à Câmara dos Deputados.

Também como “jogada de marketing eleitoral”, o PSDB também admite apoiar “qualquer nome” que se dispuser a enfrentar o governador Ronaldo Caiado em 2022. E na lista os tucanos incluem, além de Marconi, o ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot (Patriota), prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, ex-deputado federal Daniel Vilela (MDB) e o ex-deputado federal e presidente da Fieg Sandro Mabel (MDB).

Ex-governador prefere apoiar Candidato do MDB ou Darrot

Em entrevista ao Jornal O Popular José Eliton, presidente da sigla e escudeiro de Marconi, diz que “houve um chamamento das lideranças do partido buscando convencê-lo a disputar (ogoverno)”. Marconi diz que só decide mesmo ano que vem. Pretende avaliar bem o cenário.

No cenário atual, ele teria pela frente dois blocos fortes e opositores aos mandatos do PSDB e seu grupo que ultrapassam duas décadas: o bloco do governador Ronaldo Caiado, conhecido pela força de discurso, que entraria na disputa com uma “pesquisa das urnas” (Caiado foi eleito no primeiro turno, em 2018, com 60% dos votos) e o MDB, que já na eleição anterior ultrapassou o PSDB nas urnas e acumula forças rejuvenescedoras.

Nos bastidores, adversários acreditam que Marconi não terá condições de protagonizar com o candidato do governo ou MDB, mas será “escada” para a reeleição de candidatos como Major Araújo (PSL), Delegado Waldir (PSL), Elias Vaz (PSB), Humberto Teófilo (PSL),Amaury Ribeiro (Patriota) e outros que surgirem em busca de “alvo” fácil.

A “solução governo” será bem pensada por Marconi. Informações de bastidores indi-lcam que ele prefere apoiar uma candidatura do MDB ou de Darrot do que fazer frente a um político, o governador Ronaldo Caiado, que joga bem “no discurso” e no diálogo contundente dos debates, além de ser médico renomado com posição clara em plena pandemia de covid-19.

Daí que se fala que o ex-governador só aparecerá mesmo após a decisão do MDB ou de Darrot, caso este pontue nas pesquisas.

No silêncio, Marconi deve caminhar para a disputa da Câmara Federal, já que não cogita a difícil disputa do Senado.

Para a liderança tucana, está claro que nem todos os caminhos levam a Roma. Muito ao contrário.

Helton Lenine – Diário da Manhã

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Alan Ribeiro
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