“O Rei Leão” é mais do que um clássico da Disney. É uma poderosa metáfora sobre dor, identidade e amadurecimento. Simba, ainda filhote, é atingido por uma tragédia que o marca profundamente: a morte do pai. Carregando uma culpa que nunca foi sua, ele foge. Foge da família, da responsabilidade, da própria história. A fuga parece aliviar, mas apenas adia o inevitável.
No exílio, Simba encontra Timão e Pumba e adere à famosa filosofia do “Hakuna Matata”. À primeira vista, soa leve: viver sem problemas, sem preocupações. Mas, na prática, significa não encarar nada, reprimir sentimentos e enterrar a dor. Não é sabedoria — é sobrevivência emocional. Uma forma de anestesiar o sofrimento.
O próprio Timão e o próprio Pumba carregam feridas profundas. Um foge do passado; o outro confessa ter sido rejeitado, humilhado, alvo de bullying. A filosofia que compartilham nasce da dor reprimida, não da cura. E Simba, fragilizado, aceita esse caminho, perdendo-se de si mesmo.
O preço da fuga, porém, é alto. O rei da savana, destinado ao topo da cadeia, reduz-se a viver do mínimo. Alimenta-se de vermes, de negação e de esquecimento. Vive anos longe de quem realmente é, sem encontrar paz. Assim como o filho pródigo, ele se apequena, se reduz, se distancia do propósito.
Até que chega o momento decisivo: o retorno. Simba volta. Enfrenta a mãe. Enfrenta a verdade. Enfrenta o passado. Olha nos olhos de Scar e rompe com a mentira que o aprisionava. Ali, ele deixa de ser fugitivo e assume aquilo para o qual nasceu.
A mensagem é clara: fugir de quem somos pode até parecer confortável por um tempo, mas sempre nos custa caro. A verdadeira paz não está em negar a dor, mas em enfrentá-la. Crescer dói. Assumir responsabilidades assusta. Mas é somente encarando a verdade que deixamos de viver pela metade e passamos a viver com propósito.
Simples como a gente deve ser
Alan Ribeiro – Seu Melhor Amigo
