
Há quem olhe para a igreja de fora e imagine que ela deva ser um museu de santos impecáveis, um ambiente onde habitam apenas os que nunca tropeçam, nunca erram e nunca caem. Mas essa é, talvez, a maior ilusão do olhar distante. A igreja nunca foi — e nunca será — um retrato congelado da perfeição humana. A igreja é, na verdade, um hospital de pecadores em reabilitação, um lugar onde almas feridas encontram consolo, pecadores arrependidos encontram perdão e corações cansados reencontram esperança.
Jesus não chamou para perto d’Ele pessoas que “já tinham chegado lá”. Ao contrário, escolheu gente comum, com temperamentos explosivos, limitações evidentes e erros públicos. Pedro negou, Tomé duvidou, João quis descer fogo do céu, e mesmo assim Jesus os amou, instruiu, corrigiu e transformou. A perfeição nunca foi pré-requisito para seguir Cristo — a humildade sim.
A verdadeira igreja é composta por homens e mulheres em processo, gente que cai e levanta, que chora e recomeça, que pede perdão e tenta de novo — todos os dias se permitindo ser moldados pelo Espírito. Se há algo que nos une, não é a impecabilidade do caráter, mas a profundidade da graça. Somos uma família em tratamento, rumo à restauração completa que só se cumprirá nEle.
Portanto, não busque na igreja um palco de performances espirituais, mas sim uma comunidade de recomeços. Não espere dos irmãos a perfeição que nem nós conseguimos entregar, mas reconheça que ali existe um povo que, mesmo imperfeito, decidiu caminhar com Deus.
Somos cartas sendo escritas, vasos sendo restaurados, vidas sendo renovadas. E enquanto a graça for o elo, sempre haverá esperança, sempre haverá cura e sempre haverá lugar para mais um.
Com carinho,
Alan Ribeiro — seu melhor amigo.



