O Universo em Prosa


Depois de bilhões de anos, nasce um novo dia, enquanto a Terra gira em torno de seu próprio eixo e conclui uma rotação para começar outra, num ciclo incessante. E assim, o astro, com todo o seu esplendor e magnetismo, segue com seus 14 movimentos, flutuando pelo universo numa leveza poética, como uma bailarina, a fim de orbitar o palco da estrela brilhante — sem nunca parar.
Você já parou para pensar? Estamos constantemente viajando pelo espaço dentro de um planeta inserido numa galáxia — a Via Láctea — que, por sua vez, faz parte de um aglomerado de galáxias que se encontram dentro de um universo vasto, infinito e também de um grande vazio cósmico.
Mas tudo depende do olhar do observador: o que parece imenso pode se reduzir a quase nada diante da infinita vastidão do universo. Até o Sol, com sua coroa de fogo e grandeza incomparável aos nossos olhos, encolhe e se apaga quando medido na escala cósmica.
E quando voltamos para dentro do nosso mundo — esse pequeno ponto pálido que é menos do que um grão perdido nesse universo em expansão —, existem coisas que, para nós, são colossais e que podemos compartilhar, como: as grandes sequoias, árvores com mais de cem metros de altura; peixes com mais de 30 metros de comprimento; cachoeiras com quase um quilômetro de queda.
Imagine, agora, neste momento, ter a oportunidade de viver o presente num planeta habitável, que pode ser único neste vasto universo. Ganhar de presente um novo amanhecer, rodeado de ar, oxigênio, sensações, cores, sons e aromas — e, com certeza, o mais valioso de tudo: o tempo.
O tempo não para em momento algum e faz com que tudo se torne passageiro. Somos viajantes dentro de uma nave gigante que vagueia pelo espaço, e talvez ainda não tenhamos percebido isso — ou sequer notamos o movimento da Terra, que não se compara à velocidade dos carros de Fórmula 1: é muito mais rápido. Nosso planeta viaja pelo espaço a uma velocidade de 107.000 km/h.
Fique tranquilo: tudo está sob controle. E nessa nave natural, feita pelo Criador do universo, onde encontramos tudo de que precisamos, podemos contemplar milhares de maravilhas surpreendentes que nem imaginamos existir.
Sim, neste planeta Terra — que poderia ser chamado de planeta Água, planeta Floresta, talvez planeta Azul, planeta Verde ou planeta Vida —, tudo é tão perfeito e único. Dentro dele, podemos encontrar destinos inimagináveis e maravilhas incríveis, tais como: cavernas, grutas, vales, falésias, fiordes, crateras (uma delas contendo gás que queima há mais de 50 anos), vulcões, montanhas, picos, cordilheiras — a dos Andes tem uma extensão maior do que o raio da Terra —, montes nevados, savanas, florestas, campos, matas, desertos, gêiseres, ilhas, arquipélagos, geleiras, auroras boreais, arco-íris, eclipses lunares e solares; rios, lençóis d’água, lagos, mares, oceanos, nascentes e cachoeiras — como a do Salto Ángel, com mais de 900 metros de queda.
E o que fazer neste planeta, que tem tantos lugares impressionantes para conhecer antes de morrer? Não é preciso ir tão longe para ouvir um sabiá cantando ao entardecer, ver o sol declinar no horizonte até mudar de cor ou contemplar o nascimento de um novo dia, que nos entrega mais 24 horas de oportunidades — por 365 vezes ao ano.
Tudo são momentos raros e passageiros, e só nos basta olhar ao redor e ver o essencial. Até mesmo uma simples neblina suspensa sobre a água fria de um lago numa manhã de inverno… não basta ver, é preciso aprender a enxergar com a alma, pois temos o privilégio de contemplar as maravilhas do Criador.
Quando amanhece, o sol brilha no céu. Mas, antes disso acontecer, durante a noite, a escuridão se enche de pontinhos brilhantes no espaço que podem ser: estrelas, meteoros, cometas, planetas, constelações, satélites, galáxias, nebulosas.
Ah, e não podemos esquecer daquela que mais enfeita nossas noites — como se fosse uma grande bola branca meio embaçada, que às vezes muda de cor, muda de fase, desliza de um lado para o outro sem rodopiar, sempre com seus disfarces. Às vezes clareia ao redor ou até mesmo a superfície terrestre; outras vezes, se esconde em meio às nuvens ou torna-se nova e quase invisível. Às vezes, vejo a lua sorrindo no céu em forma de uma imensa banana.
As quatro estações — que podem ser duas ou até cinco, dependendo do lugar onde se vive — vão além do movimento de translação. Elas acontecem por causa da inclinação da Terra em relação ao Sol. E, por causa desse pendor, no inverno as noites passam a ser mais longas e os dias mais curtos; no verão, acontece o inverso.
No outono, o sol passa a se pôr mais cedo, as folhas das árvores caem e, num deslumbramento de cores — entre verde-musgo, marrom e amarelo —, colorem paisagens graciosas capazes de desbancar a supremacia da primavera. Ou seja, o outono pode ser a estação mais colorida em alguns lugares do planeta.
Os quatro concertos para violino e orquestra do compositor italiano Vivaldi foram inspirados em cada uma dessas estações: inverno, primavera, verão e outono. Todas têm suas próprias belezas.
Tudo o que vemos e vivenciamos — nossas histórias, todas as que conhecemos e outras tantas que não imaginamos —, de todas as pessoas que hoje somam mais de 8 bilhões espalhadas pelo mundo, estão aqui, dentro deste pontinho pálido vagando pelo imenso vazio cósmico.
Todas as pessoas que amamos, todas as conquistas que ansiamos ou já alcançamos estão aqui — e tudo ficará para trás.
Então, deixe para lá as rixas, o rancor, a vingança, a truculência, a impaciência, a arrogância, o desprezo, o mau humor, o medo, o desânimo, a falsidade…
Os dias hão de passar e, mesmo depois de voar do ninho, se puder passar mais tempo com seus pais, abrace-os em cada encontro. Sem planejar demais, apareça na casa da vovó para tomar um gole de café sem açúcar, só para ouvir sua voz contando velhas histórias. Colha um sorriso doce no meio de uma conversa entre gerações tão distantes. Aperte a mão de um novo amigo ou daquele outro da época da infância.
E, quando quiser fechar os olhos para sentir a brisa da manhã, faça isso sem pensar duas vezes. A vida é uma só. Em pouco tempo, tudo serão lembranças — e as boas ficarão guardadas para sempre na memória, até o último dia.

Marco DePaiva

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Alan Ribeiro
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