
A gente começa se despedindo bem cedo. Se despede do berço, dos primeiros passos, do colo constante. Se despede da chupeta, do cobertor preferido, daquele brinquedo que era o mundo inteiro A infância já ensina aos poucos que nada é para sempre.
Depois vem a escola. A primeira professora que a gente amava e que no ano seguinte não estava mais lá. O melhor amigo que mudou de sala. O recreio que não tinha o mesmo sabor. As mudanças são pequenas, mas deixam grandes marcas.
Ai vem a adolescência, e com ela, um monte de despedidas. a gente se despede do corpo de antes, da inocência, as conversas com os pais agora parecem mais distantes.
Se despede dos finais de semana em casa. Se despede até de quem agente achava que seria “pra sempre”, porque amizades mudam, amores também.
E, de repente a vida vira uma sequência de partidas, sai da casa dos pais, se despede da cidade natal, do quarto que tinha sua história nas paredes. Da mãe dizendo “vai com Deus” na porta. Do pai que fingia não se emocionar.
Começa a trabalhar, conhece gente, se apega, depois vê essas pessoas indo embora também.
Uns trocam de emprego, outros mudam de cidade, outros mudam por dentro, e deixam de ser o que eram. E mais uma vez, você aprende a deixar ir.
A vida adulta chega, e com ela vem despedidas que doem mais fundo. A gente se despede do tempo, da Liberdade, da leveza de antes. Vem a correria, as contas, as responsabilidades, e a saudade de quando tudo era mais simples.
Às vezes, a gente precisa se despedir de um relacionamento, que achou que era o último. De um amor que parecia ser para sempre. De um plano que não deu certo. E segue, mesmo com o coração em pedaços.
Maus tarde, começam as despedidas que ninguém está preparado para viver. A avó que sempre estava na cozinha já não está mais. O vô que contava histórias começa a ser lembrança.
A ficha não cai de uma vez, a dor vem aos poucos, nos detalhes do dia. No prato favorito que ninguém mais faz. Na cadeira vazia da sala. Na voz que você tenta lembrar e que começa a falhar na memória.
A vida vai afinando tudo. Reduzindo. Cortando. Deixando só o essencial.
E ainda assim, o essencial também parte. Amigos que tomam rumos diferentes. Filhos que crescem e vão viver suas próprias histórias. Pais que envelhecem. E um dia… Partem também.
E então a gente entende: a vida inteira foi sobre se despedir. De pessoas, de fases, lugares e versões nossas que ficaram pelo caminho.
A gente vai se esvaziando aos poucos, sem perceber. E quando percebe… É a nossa hora de partir também.
E o mais louco de tudo isso? É que mesmo sabendo que tudo acaba, a gente continua amando, continua tentando, continua vivendo.
Porque, apesar de a vida ser uma despedida, ela também é feita de reencontros. Mesmo que só dentro da gente.
Com Emoção e Carinho
Alan Ribeiro
Seu melhor amigo!