
Tem gente que confunde ser verdadeiro com ser ríspido. Confunde autenticidade com falta de tato. Descobriu um traço difícil no próprio jeito de ser, deu a ele um nome bonito e o enfeitou com a desculpa de “personalidade forte”.
Hoje em dia, a cultura do “sou assim mesmo” virou um escudo para quem se recusa a crescer, a ouvir com o coração aberto, a se olhar com honestidade. Gente que não aceita conselho, não aceita limite, não aceita um “não” — e ainda exige ser aplaudido por isso.
Querem ser aceitos exatamente como são… mesmo que sejam rudes, intolerantes ou emocionalmente ausentes. Chamam de amor-próprio aquilo que, no fundo, é medo de mudar. Só que autoconhecimento de verdade transforma. Toca, mexe, incomoda, cura. Se não muda nada em você, é só vaidade com um espelho bonito.
Existe uma linha tênue entre se aceitar e se acomodar. Entre se amar e se esconder atrás de um discurso feito. E o mais triste é ver tanta gente se orgulhando da própria estagnação — como se fosse bonito ser um fardo constante na vida dos outros.
A verdade? Tem muito “seja você mesmo” que virou desculpa pra continuar sendo tóxico. Porque crescer dá trabalho. Mudar exige coragem. E amar a si mesmo, de verdade, passa também por querer ser melhor.