
Por Alan Ribeiro
Vivemos tempos em que o individualismo parece ser regra. O “eu” ganhou destaque nas redes, nas conquistas, nos discursos. Mas há quem siga firme na contramão disso tudo — e faz da própria vida um instrumento de cuidado, acolhimento e transformação do outro. “Minha vida está a serviço de outras vidas” não é apenas uma frase de efeito. É um chamado, um propósito. Uma missão que move corações e que inspira atitudes que mudam o mundo, mesmo que em silêncio.
Estar a serviço do outro não significa anular-se, mas sim compreender que só encontramos plenitude quando estendemos a mão, quando dividimos o que temos — seja tempo, atenção, afeto, conhecimento ou oportunidade. Em cada profissão, em cada gesto voluntário, em cada oração sincera, há alguém colocando sua existência a favor de outra. Médicos que escutam além do diagnóstico. Professores que enxergam o potencial invisível. Líderes comunitários que lutam por justiça social. Mães, pais, avós, conselheiros, cuidadores, servidores públicos, agentes de pastoral, recicladores, catadores, todos os que levantam cedo não só por si, mas pelos seus e pelos outros.
A grandeza dessa escolha está no cotidiano. No café compartilhado com alguém que passa necessidade. Na visita a um doente. No apoio dado a um jovem que quer estudar, a uma mulher que busca apoio, a um idoso que precisa ser ouvido. Às vezes, o simples fato de estar presente já é serviço.
Colocar a própria vida a serviço de outras vidas é, antes de tudo, um ato de fé. Fé na humanidade, fé na esperança, fé no poder do bem. É acreditar que nosso tempo aqui não se mede pelo que acumulamos, mas pelo que oferecemos. É ser ponte onde só havia muros, ser abrigo onde só havia solidão, ser voz onde só havia silêncio.
Nas estradas de Ipameri, nas comunidades do campo, nas escolas da zona rural, nas igrejas, nos eventos culturais, nos lares mais humildes — é possível encontrar essas almas generosas que não buscam palco, mas presença. Gente que não precisa ser famosa para ser essencial.
Que esse texto seja, mais do que uma reflexão, um convite. Um chamado à ação, à empatia, à doação. Porque quando entendemos que nossa vida pode servir a outras vidas, passamos a viver com mais propósito, mais amor e mais verdade.
No fim das contas, é isso que deixamos: não o que tivemos, mas o que fomos — para os outros.