
A sabedoria, ao contrário do que muitos pensam, não é um trono exclusivo de poucos. Ela se apresenta de diversas formas — silenciosa ou ruidosa, acadêmica ou intuitiva, técnica ou popular. O verdadeiro uso racional da sabedoria passa, antes de tudo, pelo reconhecimento de que ela não habita apenas livros, títulos ou discursos eloquentes, mas também os gestos simples, as experiências vividas e os saberes cotidianos.
Ser sábio, portanto, não é apenas saber muito, mas saber reconhecer a sabedoria nos outros — mesmo naqueles que o mundo insiste em não ouvir. O lavrador que conhece o tempo pela terra, a mãe que decifra o choro do filho, o idoso que carrega as marcas do tempo no olhar, o jovem que ensina a tecnologia com naturalidade — todos eles, à sua maneira, são sábios.
Usar racionalmente a sabedoria é colocá-la a serviço da escuta, da empatia e da construção coletiva. É compreender que quem sabe muito tem o dever ético de não se tornar arrogante, mas sim de estender pontes. É recusar a superioridade e abraçar a diversidade dos saberes, pois a verdadeira sabedoria não isola — ela une.
Aos que se consideram sábios, fica o convite: desçam dos pedestais do orgulho e caminhem entre os que pensam diferente. Vão se surpreender com o tanto que ainda há para aprender.
Sabedoria não é dominar o mundo com conhecimento, mas compreendê-lo através da humildade.