
Há momentos em que a vida nos convida a ser abrigo, mesmo quando estamos em ruínas. Foi num desses momentos que ouvi essa frase que me atravessou como um raio e ficou ecoando dentro de mim: “Um amigo me chamou para cuidar da dor dele. Guardei a minha no bolso. E fui. E irei sempre…”.
Quantas vezes somos chamados a servir, a escutar, a estender a mão — mesmo quando nós mesmos estamos tentando não afundar? E, mesmo assim, vamos. Porque o amor verdadeiro não calcula forças, não exige estar inteiro para se doar. O amor, esse sentimento raro e profundo, sabe que se multiplica quando é repartido.
Guardar a própria dor no bolso não significa ignorá-la, mas sim colocá-la em pausa, com a maturidade de quem compreende que empatia é ato de grandeza. É um gesto que revela não apenas altruísmo, mas coragem: a coragem de não se fechar, de continuar sendo luz mesmo com as próprias feridas abertas.
Vivemos tempos em que muitos confundem amor com troca, e gentileza com fraqueza. Mas é preciso dizer, com toda a força que há em nós: ninguém perde por amar! Perde, sim, quem não sabe receber. Perde quem levanta muros ao invés de construir pontes, quem despreza o gesto singelo de alguém que escolheu estar presente, mesmo em meio às próprias batalhas silenciosas.
A verdade é que amar é um dom, mas também é uma decisão diária. É escolher ir, acolher, estar — mesmo com a própria dor guardada no bolso. E que lindo é ser esse tipo de pessoa. Porque no fim, quem cuida do outro, se cura também.
Que sejamos aqueles que vão, que acolhem, que amam. Sempre.
— Alan Ribeiro
Editor do Blog do Alan Ribeiro e do Portal do Alan