
No tabuleiro da vida, como no xadrez, cada peça tem seu papel. O rei, imponente e protegido, move-se com cautela, consciente de que sua queda define o destino da partida. O peão, humilde e corajoso, avança com sacrifício, muitas vezes sendo a primeira linha de defesa, a primeira a ser esquecida. Mas, ao final do jogo, quando as mãos do tempo fecham o tabuleiro, não importa a glória, o poder ou a posição. Rei e peão voltam para a mesma caixa.
Vivemos em um mundo onde as diferenças são ressaltadas, onde o luxo se impõe sobre a simplicidade, onde muitos se perdem na ilusão de status e conquistas materiais. Mas, diante da finitude, percebemos que tudo o que nos separava era apenas parte de um jogo passageiro. O destino não faz distinção entre aqueles que reinaram e aqueles que serviram; a única herança real que deixamos são os gestos que cultivamos, os amores que nutrimos, as vidas que tocamos.
Muitas vezes nos perdemos em disputas de ego, em buscas incessantes por reconhecimento, em guerras silenciosas por poder e influência. Mas quando o jogo termina, tudo se reduz à memória do que fomos, e não ao que possuímos.
O verdadeiro valor não está na coroa nem no trono, mas na essência com que vivemos cada movimento no tabuleiro. Que possamos aprender com essa lição: caminhar com dignidade, compartilhar com generosidade e compreender que, no final, somos todos apenas viajantes em uma jornada breve, cujo destino final é o mesmo para todos.
Porque, no final do jogo, rei e peão voltam para a mesma caixa.