A Polícia Civil de Goiás cumpriu, na sexta-feira (6), mandados de busca e apreensão contra três influenciadoras digitais acusadas de estelionato, exploração de jogos de azar e lavagem de dinheiro. As investigadas são Aline Reis, de Cristalina, e Tawane Alexandra, de Luziânia, cidades do Entorno do Distrito Federal. A terceira suspeita, Carol de Souza, foi alvo de operação em São José dos Campos (SP).
Segundo o delegado responsável pelo caso, Rony Loureiro, as influenciadoras usavam suas redes sociais para enganar seguidores e promover jogos de azar, como o “jogo do tigrinho”, mas promovendo plataformas falsas, segundo a Polícia. Além disso, as investigações apontaram para a possível existência de uma organização criminosa dedicada a ocultar a origem ilícita dos lucros obtidos, evidenciada pela ostentação de carros de luxo, imóveis e viagens internacionais.
Dinheiro do Bolsa Família bancava luxo
Um ponto que chamou atenção dos investigadores foi a origem dos recursos. De acordo com a polícia, parte do dinheiro utilizado para sustentar o padrão de vida das influenciadoras vinha de benefícios sociais destinados a pessoas carentes. Aline Reis, por exemplo, era cadastrada no programa Bolsa Família até abril deste ano, mesmo exibindo nas redes sociais uma rotina de luxo. Ela recebeu cerca de R$ 10 mil em benefícios, conforme a investigação.
“As investigações indicam que os crimes não apenas geraram prejuízos financeiros para as vítimas, mas também comprometem a integridade emocional de muitos cidadãos enganados”, afirmou o delegado. A exploração de jogos de azar é considerada crime com pena de detenção de três meses a um ano ou multa. Já os crimes de estelionato e lavagem de capitais podem levar a penas de reclusão de até cinco e dez anos, respectivamente.
Milhões foram bloqueados das contas das influenciadoras
Os bens das investigadas foram bloqueados pela Justiça como forma de ressarcir os prejuízos apurados até o momento. Os valores chegam a R$ 7,7 milhões para Carol de Souza, R$ 600 mil para Aline Reis e R$ 800 mil para Tawane Alexandra.
Moradoras de cidades do Entorno do DF, as influenciadoras aproveitavam suas presenças digitais para atrair vítimas de diferentes estados. “A atuação em Luziânia era o ponto central, mas o alcance nas redes ampliava o número de lesados”, explicou o delegado.
Além das três investigadas, a polícia apura o envolvimento de outras pessoas no esquema. O objetivo é mapear toda a rede de participantes e quantificar os prejuízos.
O caso evidencia a fragilidade dos programas sociais, que podem ser alvo de fraudes por pessoas que, embora em tese necessitadas, acumulam patrimônio incompatível com a realidade alegada.
As influenciadoras ainda não se pronunciaram oficialmente, e as investigações seguem em andamento. A polícia reforça a importância de as vítimas denunciarem eventuais golpes relacionados ao esquema.
A reportagem não conseguiu localizar o contato da defesa das três investigadas.