Alan Ribeiro
A história política de Goiânia foi marcada por um evento que mexeu profundamente com o destino da capital: o falecimento precoce de Maguito Vilela. Eleito com a confiança e esperança do povo, Maguito trazia consigo o legado de uma trajetória pública exemplar, ancorada no diálogo e na busca constante pelo bem comum. No entanto, o que deveria ser a continuidade de um projeto democrático e participativo foi interrompido e, de forma abrupta, transformado pela ascensão de Rogério Cruz à cadeira de prefeito.
É importante lembrar que Rogério Cruz não foi eleito para o cargo que ocupa. Sua chegada à Prefeitura se deu por uma fatalidade, uma tragédia que enlutou Goiânia e toda a classe política. O cenário que se seguiu foi uma quebra de expectativa e de confiança: ao invés de honrar o legado de Maguito e do MDB, partido que o levou à chapa, Rogério Cruz tratou de articular uma mudança brusca. Sua primeira medida relevante não foi em benefício direto da população, mas sim a provocação de um desembarque estratégico do MDB, abrindo caminho para a entrada massiva de aliados de seu partido.
A “república” que Rogério Cruz instalou nos principais cargos da capital foi um movimento político que desrespeitou não só a memória de Maguito Vilela, mas também o voto de milhares de goianienses que esperavam continuidade, respeito e compromisso com os princípios que elegeram a chapa. O projeto de Maguito não era um projeto pessoal, mas um compromisso com uma cidade que sonhava com avanços e soluções verdadeiras para seus desafios.
Em vez disso, o que se vê é uma gestão marcada pela falta de identidade e por um distanciamento dos anseios populares. A centralização de poder em figuras de um partido que não era a escolha original do eleitorado rompe com o espírito democrático e com a ética que deveria nortear a política.
Goiânia não merecia carregar essa cruz. A cidade esperava uma gestão pautada na responsabilidade, na continuidade de projetos e na união de forças pelo bem coletivo. Ao transformar a prefeitura em um feudo político-partidário, Rogério Cruz mostrou que sua prioridade não é a população goianiense, mas a manutenção de um poder que lhe foi entregue por um acaso infeliz.
É tempo de refletir. Goiânia precisa, mais do que nunca, de líderes que respeitem a vontade popular e que compreendam o verdadeiro sentido do serviço público. A cruz que a cidade carrega hoje não é resultado das urnas, mas sim de uma traição ao voto e ao legado de um líder que deixou saudades.