Por Alan Ribeiro
O caso de Iran Ferreira, o popular Luva de Pedreiro, e seu ex-empresário, Alan Jesus, trouxe à tona uma série de discussões relevantes sobre ética e responsabilidade no mundo dos negócios envolvendo influenciadores digitais. Um jovem simples, nascido no interior da Bahia, alcançou um sucesso meteórico com seus vídeos espontâneos e sua autenticidade. Mas o que deveria ser uma jornada de crescimento e conquista para ele se transformou em uma situação de disputa e desconfiança, deixando-o em um cenário que ele próprio sequer poderia imaginar.
Alan Jesus, empresário que assumiu a gestão da carreira de Iran, tinha a obrigação de agir com transparência, especialmente considerando a natureza humilde e inexperiente do influenciador. Iran confiou seu trabalho, sua imagem e, basicamente, seu futuro a esse empresário, e o mínimo que se esperava era uma conduta ética e uma gestão honesta. Contudo, o que ficou evidente, ao longo do tempo, foi uma relação marcada pela falta de clareza, com contratos aparentemente lesivos e um controle sobre os rendimentos que levantou inúmeras suspeitas. Como resultado, Iran Ferreira, apesar de todo o seu sucesso e da enorme visibilidade alcançada, encontrava-se sem o retorno financeiro esperado.
A responsabilidade de um empresário vai muito além de simplesmente agenciar um talento. Ele deve atuar como mentor, orientar, esclarecer e garantir que o influenciador – especialmente alguém vindo de uma realidade simples – compreenda todas as implicações das decisões que estão sendo tomadas em seu nome. Transparência é a base de qualquer relação de confiança, e no caso de Iran, parece que essa confiança foi quebrada.
A questão vai além de um conflito entre partes: levanta o debate sobre a importância de regulamentação e proteção para jovens talentos vindos de classes populares, que, ao adentrarem o universo digital, tornam-se vulneráveis a empresários que priorizam o lucro acima da ética. Casos como o de Luva de Pedreiro devem servir de alerta para que o mercado olhe com mais atenção para a proteção desses jovens, que merecem colher os frutos de seu trabalho e talento.
Alan Jesus falhou, em vários aspectos, ao não manter a transparência necessária e ao não dar ao Iran as ferramentas e informações que ele precisava para entender o que estava em jogo. E se queremos evitar que isso se repita, é preciso que o próprio mercado de influenciadores e o público exijam cada vez mais clareza e responsabilidade daqueles que se propõem a gerenciar talentos.
O Luva de Pedreiro é um símbolo de autenticidade e humildade, e sua trajetória serve como um lembrete da importância de proteger esses jovens que trazem inspiração e alegria ao público. Que este episódio seja uma lição para todos, para que o mercado respeite, valorize e seja justo com aqueles que, como Iran, surgem do nada e têm o direito de brilhar sem serem explorados.