Lançado no último dia 26, o “censo” mostra que 28% dos advogados goianos fazem bico em outra profissão ou atividade para complementar renda.
Um estudo buscou identificar as características da advocacia brasileira, observando dificuldades, peculiaridades e padrões gerais e regionais do exercício da profissão. Lançado no último dia 26, a pesquisa mostra que 28% dos advogados goianos fazem bico em outra profissão ou atividade para complementar renda. A principal função exercida pelos advogados “fora” do direito é a de professor.
O percentual de profissionais da advocacia em Goiás que exercem outras atividades é semelhante ao apurado no cenário nacional (28%). A maior parte desses profissionais trabalham como professor (19,9%), servidor público (12,6%) e empresário (9,6%), além de corretor de imóveis (1,8%), agricultor (1,5%), vendedor (1,2%), músico (0,8%) e motorista de aplicativo (0,8%).
Encomendado pelo Conselho Federal da OAB à Fundação Getúlio Vargas (FGV), o estudo contou com 20.885 advogados e advogadas, que responderam a 42 perguntas em uma plataforma online entre agosto e outubro de 2023.
A análise dos dados obtidos aponta que a profissão é majoritariamente feminina, tanto em Goiás (50%) quanto no cenário nacional (também 50%). Os homens são 48% em Goiás e 49% no Brasil, além de 1% pertencente a outras identidades de gênero. Quanto à faixa etária, a maior parcela é constituída por pessoas entre 24 e 44 anos, totalizando 55%.
Rendimentos
Segundo o estudo, 45% dos dos advogados tem renda familiar mensal de até 5 salários mínimos (cerca de R$ 7 mil). Os que recebem até 2 salários mínimos representam 14% do total e os que recebem entre 2 a 5 são 31%.
A menor faixa de rendimento (até 2 SM) é notadamente maior entre os jovens de 21 a 23 anos (66%), caindo para 41% entre os que têm 24 a 44 anos; 26% na faixa de 45 a 59 anos; e 25% entre os que têm 60 anos ou mais.
O Brasil é o País com o maior número de advogados por habitantes do mundo, com um profissional a cada 164 habitantes, 1,3 milhão ao todo. “Esse 1º Estudo Demográfico da Advocacia Brasileira traz dados que permitem analisar o quanto a área tem logrado avanços quanto à equidade, notadamente no que se refere às variáveis renda, cor/raça e gênero, esta última, focalizada neste tópico”, diz o texto.
Área de atuação
O levantamento revela ainda que o direito civil é a principal área dos advogados goianos, com 26% dos profissionais atuando nesse segmento, seguido por família e sucessões (17%), direitos trabalhistas (12%) e direito previdenciário (11%).
Outro ponto de destaque é que a maior parte dos advogados goianos atuam no interior (65%), contra 24% que atuam na Capital ou região metropolitana.
Objetivo
Segundo o presidente nacional da OAB, Beto Simonetti, com o melhor entendimento das demandas e necessidades das diferentes regiões e contextos, o objetivo do Ordem é elaborar e manter iniciativas mais efetivas para os profissionais, a exemplo de ações de defesa de prerrogativas e honorários.
“Olhar para essas informações permite-nos refletir o que já realizamos até aqui e observar o longo caminho que ainda temos pela frente para o aprimoramento das políticas internas em prol da classe, constitutivas do escopo de democratização da OAB. Em um primeiro momento, podemos concluir que a OAB está caminhando para o rumo certo: continuar a interiorizar o Sistema OAB e garantir a pluralidade de advogados e advogadas dentro de nossa instituição”, salientou.
O vice-presidente da OAB Nacional e coordenador do 1º Perfil ADV, Rafael Horn, reiterou o compromisso com o progresso democrático da instituição para garantir mais avanços e impedir retrocessos. “O estudo, portanto, nos permite seguir trabalhando por arranjos político-legais e pela elaboração de novas possibilidades de estruturação de uma advocacia e de uma cultura jurídica pautada na igualdade consentânea ao Estado Democrático de Direito”, disse.
“Os dados coletados são essenciais para planejarmos o futuro da advocacia no Brasil, garantindo que nenhum advogado, independentemente de sua localização ou especialidade, fique sem apoio”, complementa Horn.