Ronaldo Caiado: “não fazemos um governo excludente. Ninguém mais precisa se submeter ao governador, como acontecia antes
Ao rebater críticas do tucano, o governador afirmou que o que ele fez foi “extirpar da política vários daqueles que viviam de saquear o dinheiro público de Goiás”, e citou o próprio ex-governador como um dos que foram derrotados.
Ao rebater as declarações do ex-governador Marconi Perillo (PSDB), publicadas na coluna Giro, do jornal O Popular, o governador Ronaldo Caiado (UB), usando o mesmo espaço, afirmou que o que foi aniquilado em Goiás foi a corrupção. O tucano havia criticado Caiado, que considerou, em entrevista à imprensa, o fato de que em Goiás não há uma oposição sólida. Para Perillo, o atual chefe do executivo goiano “age como os “velhos coronéis da política” e que “tem feito de tudo para acabar com a oposição em Goiás – usando a força para calar alguns e benesses não republicanas para cooptar outros”. A reação de Ronaldo Caiado foi dura.
“Extirpamos da política vários daqueles que viviam de saquear o dinheiro público de Goiás, inclusive o próprio ex-governador, derrotado duas vezes pelo povo goiano, essa é uma realidade difícil para o ex-governador entender, acostumado que era, tal qual um chefe de quadrilha, a perseguir e achacar quem o contrariava”, pontuou. “Mas esse é um tempo velho, que ficou para trás. Goiás vive hoje dias de respeito ao dinheiro público e às pessoas. Isto se reverte em pujança, crescimento e vida melhor para os goianos”, finalizou.
Sobre o fato de não sofrer pressão de oposicionistas, Ronaldo Caiado lembra que faz um governo republicano, de atendimento às demandas de todos os prefeitos, deputados e lideranças, independentemente de cor partidária, e citou como exemplo a sua atuação conjunta com prefeitos do PT, partido com o qual, segundo ele, tem divergências ideológicas histórias, mas que nem por isso deixa de promover ações que tenham como objetivo final levar o bem estar para a população goiana.
“Não fazemos um governo excludente. Hoje, ninguém precisa se submeter ao governador, como acontecia antes”, destaca Caiado.
Bastidores
Para analistas e políticos governistas, o ex-governador Marconi Perillo adota uma estratégia errada ao confrontar o governador Ronaldo Caiado em busca de uma possível visibilidade. Apagado no cenário político goiano, vindo de duas derrotas consecutivas para o Senado e enfrentando o esvaziamento do seu partido, o que se comenta nos bastidores é que, ao acusar Caiado de agir como os “velhos coronéis da política”, o tucano resgata um passado não muito distante em Goiás e que é extremamente negativo para si mesmo, e lembram que, a partir de 2012, no auge da Operação Monte Carlo, ação que investigou um dos maiores esquemas de corrupção já perpetrados no Estado, o então governador Marconi Perillo iniciou uma verdadeira cruzada contra àqueles que ousaram apontar os supostos malfeitos do seu governo. Mais de 60 jornalistas, políticos, promotores, blogueiros, professores e pessoas do povo foram processados pelo tucano por críticas à sua gestão.
Outra avaliação dos palacianos é que ao falar de corrupção no Governo Caiado, coisa que não se verificou até o momento, Marconi, novamente, joga todos os holofotes sobre si e convida o leitor a relembrar denúncias de outros grandes esquemas de desvio de dinheiro público que atingiram o seu governo e que foram investigados pela Polícia Federal e Ministério Público Federal, e citam os supostos pagamentos de propinas que teriam sido feitos pela empresa Odebrecht.
Segundo denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR), o tucano teria recebido, entre 2010 e 2014, cerca de R$ 12 milhões em troca de favorecimento aos interesses da Odebrecht no estado. Conhecida como Cash Delivery, a operação foi anulada posteriormente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sem análise do mérito, sob a alegação de incompetência da Justiça Federal para julgar o caso. Segundo o STF, a competência seria da Justiça Eleitoral.
O inconformismo de Marconi Perillo é traduzido na prática pela realidade que o seu partido, o PSDB, vive em Goiás. A legenda do tucano vem sofrendo um processo de esvaziamento ao longo dos anos, e, sem ações de renovação, esse processo se agravou ainda mais no ano passado. Com a segunda derrota consecutiva de Perillo para o Senado, o PSDB desceu definitivamente ao fundo do poço. De uma bancada de sete deputados estaduais e cinco federais em 2014, a legenda chega a 2023 com apenas dois representantes na Assembleia Legislativa de Goiás e uma deputada na Câmara Federal. De 75 prefeitos eleitos em 2016, o PSDB goiano conseguiu eleger apenas 20 filiados em 2020, e de lá pra cá tem perdido nomes considerados históricos, como Naiçotan Leite, de Iporá, e Vando Vitor, de Palmeiras de Goiás, que deixaram a legenda recentemente.
Cloves Reges Maia