
Imagine o mundo se Jesus não tivesse nascido.
Não precisa ir tão longe, basta ficar nas páginas do Novo Testamento e prestar atenção nos Evangelhos.
Aquela mulher flagrada em adultério, por exemplo, teria sido apedrejada.
Tiago e João teriam repetido o espetáculo do profeta Elias e as cidades impenitentes teriam sido condenadas e consumidas pelo fogo do céu.
Os leprosos continuariam impuros, impedidos de frequentar o templo, e intocáveis; os cegos de nascença continuariam sendo considerados amaldiçoados por Deus; as mulheres permaneceriam em silêncio nas sinagogas, propriedade e objeto de uso e abuso dos homens.
Imagine o mundo se Jesus não tivesse nascido.
As pessoas continuariam acreditando que culto e missa são mais importantes do que fazer justiça aos pobres, repartir o pão com os famintos e cobrir quem está com frio.
Os pecadores estariam ainda sendo medidos por uma régua moral que normaliza o ódio e incentiva relações do tipo “olho por olho, dente por dente”: que perdão, que nada!
Se Jesus não tivesse nascido, apenas os descendentes de Abraão seriam considerados povo de Deus, e teria gente acreditando possuir o monopólio do céu.
Deus estaria ainda recebendo sacrifícios de animais para ter sua ira aplacada e seu coração constrangido a abençoar os seus e somente os seus.
Se Jesus não tivesse nascido.
Mas graças às entranháveis misericórdias de Deus, já nos visitou o sol nascente em forma de criança, brilhando sobre as trevas da sombra da morte, para guiar nossos pés no caminho da paz com Deus, paz de Deus e paz entre todas as gentes. Sempre será Natal. Celebremos o natal de Jesus, e Nele e com Ele o natal de um novo mundo.
[Imagem: Anne Guedes]


