Monark é desligado do Flow Podcast após defender existência de partido nazista

O youtuber Bruno Aiub, conhecido como Monark, foi desligado do Flow Podcast após defender a existência de partido nazista – Reprodução/Twitch @flowpodcast

OPINIÃO DO BLOG DO ALAN RIBEIRO – A polêmica causada por este rapaz mostra como são a grande maioria das produções dos canais do YouTube, mais de 95% com conteúdo duvidoso, que na realidade não acrescenta nada na formação de um cidadão melhor. E o remendo saiu pior do que o soneto, a justificativa para defender essa infeliz situação foi a de que o apresentador estava embriagado, o que confirma a minha afirmativa neste comentário. Ressalto a existência de criadores de conteúdo que fazem milagres para colocarem em seus canais vídeos que são importantes para uma sociedade mais justa e sobretudo igual.

 

Fala aconteceu durante entrevista no canal em que Bruno Aiub, conhecido como Monark, era âncora; ele foi desligado da produção nesta terça-feira (8).

Bruno Aiub, conhecido como Monark, foi desligado do Flow Podcast após defender a existência de um partido nazista no Brasil durante uma entrevista nesta segunda-feira (7) com a deputada Tabata Amaral (PSB) e o deputado Kim Kataguiri (Podemos).

“Eu acho que tinha que ter um partido nazista reconhecido pela lei”, disse o apresentador do podcast. “Se o cara quiser ser um antijudeu, eu acho que ele tinha direito de ser”, acrescentou.

Em comunicado nesta terça, os “Estúdios Flow” anunciaram o desligamento de Monark. “Esta decisão foi tomada em conformidade com o que determinam todos os preceitos de boa prática, visão e missão dos Estúdios Flow. Lamentamos profundamente o episódio ocorrido. Pedimos desculpas a todas as pessoas, em especial à comunidade judaica”, afirmou a nota.

O Flow é um dos podcasts com maior audiência no Brasil, com mais de 3,6 milhões de inscritos só no YouTube.

Em vídeo publicado nas redes sociais nesta terça-feira, Bruno Aiub pediu desculpas e afirmou que estava “muito bêbado” durante o programa.

Peço perdão pela minha insensibilidade, mas também peço um pouco de compreensão. São quatro horas de conversa, estava bêbado. Fui insensível sim, errei na forma como me expressei, dá a entender que estou defendendo coisas abomináveis. Peço compreensão e desculpas a toda a comunidade judaica”, disse o youtuber.

Repercussão

A repercussão nas redes sociais veio pouco tempo depois das falas do youtuber. Nesta terça-feira (8), o assunto era um dos mais comentados no Twitter e também foi alvo de repúdio de autoridades e comunidade judaica.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) condenou a fala de Monark e lembrou que “sob a liderança de Hitler, o nazismo comandou uma máquina de extermínio no coração da Europa que matou 6 milhões de judeus inocentes e também homossexuais, ciganos e outras minorias”.

“O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera “inferiores”. O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade, e o nazismo é sua maior evidência histórica”, acrescentou a Conib em nota.

O Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo afirmou, em nota à CNN, que recebeu representações de cidadãos sobre o caso. “Essas representações serão distribuídas a um procurador da República, que então fará a análise preliminar dos fatos e definirá os próximos passos”, informou o MPF.

Tabata Amaral tentou rebater a fala de Monark imediatamente. Retomando o assunto nesta terça-feira, a deputada disse em suas redes sociais que “a nossa liberdade termina quando começa a do outro”. “O nazismo e outras ideologias que ameaçam a existência e integridade de pessoas ou grupos, sejam judeus, PCD, negros ou LGBTQIA+, são intoleráveis e devem ser banidas. Isso sempre foi e será inegociável para mim”, finalizou a deputada.

Em nota, Kim Kataguiri afirmou que “muito melhor expor a crueldade dessa ideologia nefasta para que todos vejam o quanto ela é absurda. Sufocar o debate só faz com que grupos extremistas cresçam na escuridão e não sejam devidamente combatidos e rechaçados. Irônico é ver quem normaliza os genocídios cometidos pelo comunismo falarem em direitos humanos.”

Acrescentaria que não sou a favor da existência de um partido nazista, o que defendo é que haja um debate aberto para que fique muito claro para todos o quanto a ideologia nazista é repugnante e deve ser rechaçada. Acho que fingir que não existe só faz com que grupos nazistas cresçam nas sombras, devemos ter um debate claro para impedir o crescimento de grupos extremistas”, adicionou Kataguiri.

Contratos

Nesta terça, a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) rompeu com o Flow Podcast. A Ferj tinha contrato com a os “Estúdios Flow”, responsável pelo “Flow Sport Club”, que transmitia jogos do campeonato carioca 2022, e disse que defende a igualdade, o respeito e contraria qualquer tipo de preconceito.

O também youtuber Davy Jones, um dos âncoras do Flow Sport Club, fez um pronunciamento nas redes sociais. Ele repudiou as falas de Monark e disse que não continuaria no canal se Monark não fosse desligado.

A Flash, uma das empresas que patrocinava o canal, também cortou relações com o Flow. Em nota, a empresa afirmou que “não há sociedade livre quando há intolerância ou busca de legitimação de discursos odiosos, nazistas e racistas, tecidos a partir de uma suposta liberdade de expressão. Reforçamos que todo e qualquer tipo de opinião jamais pode ferir, ignorar ou questionar a existência de alguém ou de um grupo da sociedade. Diante de absurdos como esse, é preciso agir e, desta forma, solicitamos o encerramento formal e imediato de nossa relação contratual com os Estúdios Flow”.

A Fatal Model foi outra patrocinadora que solicitou cancelamento de contrato com o podcast após o episódio. “Em nossa caminhada, repudiamos e sempre repudiaremos toda e qualquer forma de discriminação, preconceito e violência” afirmou a nota da empresa.

Compartilhe seu amor
Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

Alan inicia seus trabalhos com o único objetivo, trazer a todos informação de qualidade, com opinião de pessoas da mais alta competência em suas áreas de atuação.

Artigos: 18769