Ao deixar hospital, Bolsonaro se defende de suspeitas de irregularidades na compra de vacinas

Ao deixar hospital, Bolsonaro defendeu seu governo das suspeitas de irregularidades em negociações de vacinas contra a Covid // Foto: Annie Zanetti/TV Brasil

Presidente ficou quatro dias internado por conta de uma obstrução intestinal; internação, fotografia em leito hospitalar e transferência para São Paulo ocorreu em momento de grande desgaste na imagem do presidente

Após e passar quatro dias internado no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recebeu alta médica na manhã de domingo (18/7). Na saída, ele tirou a máscara – que é de uso obrigatório no estado –, falou por cerca de 30 minutos com jornalistas e posou para fotos com apoiadores.

Bolsonaro defendeu seu governo das suspeitas de irregularidades em negociações de vacinas contra a Covid e manifestou apoio ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, investigado pela CPI da Covid, pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal. Ele falou também sobre a aprovação, pelo Congresso, de aumento do fundo eleitoral.

O presidente comentou a reunião de Pazuello com intermediários que buscavam vender a vacina CoronaVac por quase o triplo do preço pago no contrato com o Instituto Butantan. Em vídeo ao lado dos intermediários, Pazuello disse que o encontro terminava com um memorando de entendimento assinado e um “compromisso” do ministério de fazer negócio.

Bolsonaro alegou que muitas pessoas são recebidas no ministério e que, se fosse algo secreto ou superfaturado, o então ministro Pazuello não estaria no vídeo. Questionado se achava normal o ministro receber os intermediários, Bolsonaro respondeu se fosse ele o ministro da Saúde “teria apertado a mão daqueles caras tudo”. Ao receber, ele [Pazuello] não estava sentado à mesa”, disse. “Geralmente quando o cara faz, fala em propina, é pelado dentro da piscina”.

Bolsonaro também chamou de “casca de banana” o aumento para R$ 5,7 bilhões do fundo eleitoral, incluído no projeto de lei de diretrizes orçamentárias de 2021 aprovado pelo Congresso, indicando que vetará o dispositivo.

“Então num projeto enorme, alguém botou lá dentro essa casca de banana, essa jabuticaba. Agora o Parlamento descobriu, tentou, foi tentado destacar pra que a votação fosse nominal para essa questão e o presidente [da sessão, deputado] Marcelo Ramos, do Amazonas – pelo amor de Deus o estado do Amazonas ter um parlamentar como esse – ele atropelou, ignorou, passou por cima e não botou em votação o destaque”, disse Bolsonaro.

“Obrigado aos parlamentares que votaram a LDO. Todos eles estão sendo acusados injustamente. De ter botado esse fundão. E eu sigo a minha consciência, sigo a economia e a gente vai buscar dar um bom final para isso aí. Afinal de contas, eu já antecipo: R$ 6 bilhões para fundo eleitoral, pelo amor de Deus. R$ 6 bilhões na mão do [ministro da Infraestrutura] Tarcísio [Freitas] ele recapearia grande parte da malha rodoviária do Brasil. R$ 6 bilhões na mão do [ministro do Desenvolvimento Regional] Rogério Marinho, ele concluiria água para o Nordeste. Agora, isso tudo, vai para o Orçamento, que nós temos um teto. Cada vez mais eu tenho menos recurso para investir”, reclamou.

Foto polêmica e queda nas pesquisas

bolsonaro-hfaAntes da internação na quarta-feira (14), o presidente Jair Bolsonaro amargava nas últimas pesquisas divulgadas seu pior momento de popularidade desde que tomou posse. Na última pesquisa do Instituto Datafolha, por exemplo, 51% dos entrevistados consideravam seu governo ruim ou péssimo. Adjetivos depreciativos quanto à sua condução foram colados nele: 66% o consideram autoritário; 62% o acham despreparado; 58%, incompetente; 57%, indeciso; o mesmo percentual o considera pouco inteligente; para 55% é falso, e para 52% é desonesto.

Críticos do Governo consideram que a internação, seguida de exposição do presidente em cama de hospital, foi uma evidente tentativa de apelo para tentar reverter a queda na popularidade, recorrendo à comoção da população. Outros apontaram como um momento em que o presidente, acossado pelas investigações da CPI, tentou tomar um fôlego.

Bolsonaro foi levado para o Hospital das Forças Armadas, em Brasília, na madrugada de quarta-feira (14), após sentir dores abdominais e um quadro de soluço persistente. O cirurgião Antônio Macedo, médico que o acompanha desde a facada de 2018, decidiu levá-lo para São Paulo.

A possibilidade de uma cirurgia para desfazer a obstrução chegou a ser cogitada, mas foi descartada após o presidente responder bem ao tratamento chamado de conservador por sua equipe médica. Nos primeiros dias de internação, o presidente usou uma sonda nasogástrica para se alimentar. Na sexta (16), começou a receber dieta líquida e, no sábado, dieta cremosa.

Deputado rebate ataques

Em postagens nas redes sociais, o deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM) rebateu os ataques do presidente.

“Se depender do Bolsonaro, ele não é responsável por nenhuma das mais de 540 mil pessoas mortas na pandemia, nem por 15 milhões de desempregados, nem por 19 milhões de brasileiros com fome e nem mesmo pela escandalosa tentativa de roubo na compra de vacinas. Ele deveria é dizer que vai vetar, mas vai tentar arrumar alguém para responsabilizar também, porque é típico dele e dos filhos correr das suas responsabilidades e obrigações”, retrucou.

Após deixar o hospital, o presidente foi para o aeroporto de Congonhas, onde embarcou para Brasília. Segundo sua equipe médica, ele deve continuar a ter acompanhamento ambulatorial, mas já deve despachar do Palácio do Planalto a partir desta segunda-feira.

Fonte Notícias Goiás

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Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

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