Pandemia reduz clientela e põe em risco futuro do self-service

Número de restaurantes que oferecem só comida por quilo caiu de 200 mil para 120 mil no país, diz Abrasel. Empresas temem fechar as portas.

O futuro dos restaurantes por quilo, os self-services, parece ser incerto ou ao menos preocupante no país. Com a pandemia de Covid-19 e as medidas de isolamento social, esse tipo de estabelecimento tem sofrido com a redução no número de clientes e a consequente queda no faturamento. O resultado é que os empresários do setor estão fechando as portas e demitindo funcionários.

Um levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) aponta que 80 mil dos 200 mil pequenos restaurantes que operavam exclusivamente na modalidade por quilo no país em março de 2020 fecharam as portas até março deste ano.

O estudo também mostra que o número de restaurantes que oferecem várias opções de refeições, incluindo a oferta por quilo, caiu de 1 milhão para 700 mil durante o mesmo período – uma queda de 30%.

Até agora, 1,2 milhão de trabalhadores desses estabelecimentos foram demitidos – o número de empregados caiu de 6 milhões para 4,8 milhões.

A pesquisa da Abrasel mostra que a tendência de fechamento e demissões continua em 2021. Só nos primeiros quatro meses do ano, mais 100 mil empregos foram perdidos em todo o país e 35 mil empresas fecharam as portas, diz a associação.

Com o atual cenário, não apenas é difícil manter os negócios como antes, como também se torna um dilema pensar em investir para seguir no setor.

“A retomada é muito incerta. Ninguém tem certeza de nada, não sabe se investe ou não. As pessoas ainda estão com medo”, declara a empresária e chef Keli Cristina Meyer, dona da cafeteria e buffet a quilo Café das Orquídeas, do Distrito Federal.

Keli, que também é nutricionista, lembra as adaptações que os estabelecimentos precisaram fazer durante a pandemia. Talheres embalados e maior quantidade de produtos descartáveis, fora os tubos de álcool em gel, são alguns dos gastos adicionais. E isso tudo somado à diminuição do número de clientes por ambiente.

“Tem que ter uma entrega muito maior para o cliente. Precisa de condição financeira, mas também de toda uma estrutura psicológica. Ainda falta muito apoio, e a insegurança também é jurídica”, comenta Keli. “Você só sobrevive se vender para pagar conta.”

Há também quem se emocione ao falar sobre a possibilidade de ter que fechar o próprio negócio. É o caso de Paulo Afonso Portela, 63 anos, dono do self-service Mania, no Guará, também no DF.

“Não tem ninguém para nos ajudar. Não estou dando conta de pagar as dívidas”, lamenta. “Eu vendi carro e apartamento para conseguir manter esse restaurante. Essa crise foi a pior coisa pra quem é dono de self-service no DF”.

A maior queixa de Paulo é em relação às despesas extras. Ele relata ter precisado demitir quatro funcionários de um total de sete. Outra preocupação manifestada pelo pequeno empreendedor é a possibilidade de mais um lockdown. Segundo ele, grande parte dos comerciantes não terá condições financeiras para superar outro fechamento.

A preocupação é compartilhada por Rafael Belizário, 40 anos, gerente do Fogão Goiano, no Guará, DF. A movimentação do local diminuiu cerca de 50% nos últimos meses, fato que motivou Belizário a aderir ao serviço por entregas.

Apenas 24 das 50 mesas do restaurante estão disponíveis, para respeitar as medidas de segurança e distanciamento. Para conseguir vender melhor, o gerente montou cardápios específicos para entregas. Os valores dos pratos, no entanto, acabaram aumentando em 25% para cobrir os custos, alega o empresário.

Fonte: Portal Metrópoles

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Alan Ribeiro
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