Brasil caminha para a volta ao Mapa da Fome
A pandemia do novo coronavírus, que até o momento possui 462.092 mortes e 16.512.914 casos confirmados, não para de escancarar a necropolítica de Bolsonaro à população pobre do Brasil.
Em 2014, o Brasil saiu do Mapa da Fome – estudo elaborado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), que analisa dados sobre a situação da segurança alimentar da população mundial, fazendo diagnósticos por regiões e países – através de políticas sociais e do combate à pobreza e desigualdade social. Métodos e políticas que foram esquecidas com a ascensão da direita no país.
O Brasil flerta com a volta ao Mapa da Fome desde 2016, ano em que o país teve a retomada no crescimento de miseráveis, segundo o IBGE. Agora em 2020, em meio à maior crise sanitária do século, a situação é ainda mais preocupante.
O economista Daniel Balaban, chefe do escritório brasileiro do Programa Mundial de Alimentos, afirmou à Revista Exame que o cenário do país com a pandemia preocupa: “Vemos com muita preocupação no Brasil e ao redor do mundo também. O Programa Mundial de Alimentos é a maior agência de ajuda humanitária das Nações Unidas e está na linha de frente do combate à fome. Temos hoje em torno de 821 milhões em situação de insegurança alimentar, mas há 135 milhões que realmente passam fome. São pessoas que estão não só em situação de insegurança, mas não tem o que comer. Avaliamos que, nos próximos anos, em torno de 130 milhões se juntarão a esses 135 milhões, formando 265 milhões. Vai dobrar o número de pessoas com fome crônica no mundo. Os países têm de se unir rapidamente para tentar evitar que esse número aumente“.
A pobreza e a fome no país possuem ligação direta com Bolsonaro. O governo extinguiu o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), acabou com programas de incentivo à agricultura familiar e sustentável e, mesmo com fila para receber, retirou verba do Bolsa Família e remanejou-a para bancar publicidade do governo (83,9 milhões de reais). Bolsonaro também não pretende estender e posterga cada vez mais o pagamento do auxílio emergencial de 600,00 reais para a população mais pobre, desempregados e pequenos empresários afetados pela pandemia e impôs cortes orçamentários de 67% no Programa de Aquisição de Alimentos e de 94% no Água para Todos.
Daniel também reiterou o perigo da situação brasileira, ainda mais com as políticas do governo Bolsonaro: “O País está hoje com um número muito de alto pessoas em extrema pobreza, que ganham menos de US$ 1,90 por dia. São 9,3 milhões, segundo dados de 2018. A estimativa agora é que, por conta dos efeitos econômicos, mais 5,4 milhões deverão entrar na extrema pobreza, segundo o Banco Mundial. O Brasil saiu do Mapa da Fome em 2014. Agora, está caminhando a passos largos para voltar.“
Fonte Blog https://celsogiannazi.com.br/blog/