Oposição vai às ruas e marca atos contra Bolsonaro em 100 cidades

Participantes são instruídos a manter distanciamento e usar máscara e álcool em gel, para protestar sem perder o discurso.

A presença da oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas ruas no decorrer da pandemia de coronavírus tem sido um tabu, pois a maioria das lideranças mais à esquerda adere ao discurso sobre a importância das medidas de isolamento social para impedir infecções. Após fins de semana seguidos de bolsonaristas realizando grandes atos em capitais, porém, os críticos do governo promovem, neste sábado (29/5), mais uma tentativa de protestar indo além dos tuitaços e panelaços, mas tentando equilibrar o ímpeto com o discurso sobre a necessidade de impedir a circulação do vírus da Covid-19.

Apesar de várias organizações políticas terem optado por não aderir, movimentos sociais, torcidas organizadas, sindicatos, personalidades políticas e artistas convocaram manifestações em ao menos 100 cidades brasileiras. Fora do Brasil, há previsão de atos em nove países.

A exigência de que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), dê seguimento aos processos de impeachment de Bolsonaro está na pauta dos manifestantes, como também reclamações por uma gestão mais eficiente da pandemia, pedidos pela aceleração da vacinação contra a Covid-19 e protestos contra privatizações e reforma administrativa.

Convocados sob o lema “Povo na Rua Fora Bolsonaro” nas redes sociais, os atos pelo Brasil reúnem milhares de confirmações, mas o tamanho do movimento ainda é uma incógnita, afinal os críticos de Bolsonaro costumam condenar as aglomerações promovidas por ele.

Medidas de segurança

As publicações que convocam para os atos instruem os participantes para que tomem medidas a fim de reduzir o risco de infecção pelo coronavírus. Entre as orientações, está o uso de máscaras padrão N95/PFF2, mais eficazes para evitar a contaminação, segundo especialistas; o uso frequente de álcool em gel; e o distanciamento de dois metros em relação aos outros manifestantes.

Thaís Oliveira, uma das organizadoras da ação em Brasília, conta que realizou uma campanha para comprar e distribuir os suprimentos de segurança. Os atos na capital ocorrem a partir das 9h, no Museu Nacional, e foram convocados pela União Nacional dos Estudantes (Une) e pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes).

“A expectativa é de que, a partir da campanha para compra de máscaras PFF2 e N95, uso de álcool em gel e distanciamento social, os atos, seguros, iniciem uma jornada de lutas pela derrota do governo fascista de Bolsonaro. Pelo fim do genocídio em curso e pela democracia no país”, diz Thaís, que também é presidente da Unidade Popular pelo Socialismo – DF.

A reação

Os movimentos pró-governo realizaram, nas últimas semanas, atos que reuniram pessoas do Brasil inteiro. No entanto, não houve incentivo, por parte dos organizadores, para que os participantes adotassem recomendações de segurança – muitas vezes, foram até desincentivadas.

No domingo (23/5), por exemplo, aglomerações aconteceram no Rio de Janeiro, onde Bolsonaro fez um passeio de moto. No primeiro e no terceiro fim de semana de maio, os simpatizantes do governo também se reuniram em alguns estados do país. Veja imagens:

Reivindicações

Uma das principais críticas que encabeçam o movimento oposicionista que vai às ruas neste sábado é a gestão do governo federal diante da pandemia do novo coronavírus. O desemprego recorde e a vacinação lenta também estão na agenda de reivindicações dos manifestantes.

O secretário-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Federais no DF (Sindsep DF), Oton Pereira Neves, relata que durante a ação os servidores clamarão pela rejeição da reforma administrativa.

“Em relação às pautas do movimento, são várias: derrota da reforma administrativa, testagem em massa para a Covid-19, vacinação para todos o quanto antes e auxílio emergencial de, no mínimo, R$ 600. Evidentemente, com esse movimento, e com a ajuda dos trabalhadores e da população em geral, a gente coloca fim ao governo Bolsonaro, que é um desastre para o povo brasileiro”, diz o dirigente da Sindsep.

Beatriz Lacerda Félix, coordenadora distrital do coletivo Juventude Revolução do PT, complementa: “Vamos às ruas para denunciar os ataques do governo contra a população. Queremos viver e ter um futuro digno. Eu acredito que será um ato massivo, com diversas pessoas e setores lutando por suas reivindicações, que são muitas, diante do descaso deste governo”.

Félix diz que, além de exigirem testagem em massa, vacinas contra a Covid-19 e auxílio emergencial, as reivindicações do Juventude Revolução do PT giram em torno da educação.

“Bolsas estudantis que garantam a permanência dos estudantes nas universidades e escolas, mais empregos e recomposição do orçamento da educação, que passa por mais um desmonte. Enquanto o governo libera bilhões em emendas parlamentares para aprovar seus projetos, diversas universidades correm o risco de fechar por falta de verba”, argumenta.

Mobilização

Personalidades políticas e figuras de expressão na mídia também incentivam a mobilização. Cantores e cantoras, atores e atrizes, deputadas e deputados federais, senadores e senadoras, entre outros.

Apoio jurídico

Natália Oliveira, advogada e coordenadora do Suporte Jurídico – DF, coletivo que presta assistência e acompanhamento jurídico em situações de abuso policial e detenção, sustenta que ações dessa natureza são propícias para abuso de autoridade por parte da Polícia Militar dos estados.

“Existe muita prisão arbitrária em manifestações, qualquer coisa vira desacato para a polícia. Estamos informando o que pode caracterizar um crime de desacato ou resistência, para as pessoas se conscientizarem. Elas podem se deixar levar pelos policiais somente pelo medo. Conhecimento é poder, e, tendo o conhecimento na mão, você não sofre uma prisão ilegal”, argumenta a advogada.

O coletivo, segundo Natalia, atuará nos protestos de Brasília. “Ainda que isso aconteça, vamos estar lá pra informar e mobilizar advogados para irem às delegacias mais próximas e auxiliar no caso de uma prisão em decorrência da manifestação, que é o direto à liberdade de expressão”, afirma.

A União dos Advogados Independentes que, por enquanto, atua só no Distrito Federal, existe há um ano e não é vinculado à Ordem dos Advogados do Brasil.

Fotos e texto: Portal Metrópoles IMG-20210529-WA0160 IMG-20210529-WA0152 IMG-20210529-WA0156 IMG-20210529-WA0154 IMG-20210529-WA0153 IMG-20210529-WA0157 IMG-20210529-WA0158 IMG-20210529-WA0155 IMG-20210529-WA0149 IMG-20210529-WA0151 IMG-20210529-WA0150

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Alan Ribeiro
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