Julio Paschoal: A DISPARADA DOS COMBUSTÍVEIS

A política econômica do governo federal, se por um lado favorece as exportações, por outro tem alimentado o processo inflacionário, por essa razão a inflação de 2020, fechou em 4,51%, acima do centro da meta.

No rol dos preços majorados estão os combustíveis (gasolina e diesel).

Muito embora o Brasil, seja auto suficiente em petróleo, não deixa de ter que importar e sujeitar as constantes variações do dólar.

Por que isso ocorre? O petróleo extraído no país, é muito grosso, para refina-lo, o custo seria mais alto do que importar.

O que faz a petrobrás? Exporta o óleo cru e importa os combustíveis já refinados.

Como os derivados do petróleo tem precificação em dólar, toda valorização da moeda americana em relação ao real, implica em aumento do nível de preço.

No ano passado a moeda americana valorizou em relação ao real 40%. Nesse ano já houve duas valorizações, implicando em reajustes que somados alcançam 17%.

Como a equipe econômica liderada pelo ministro Paulo Guedes, quer continuar desvalorizando o real frente ao dólar, para ampliar as exportações e estancar o déficit na Balança Comercial, os combustíveis logo terão novo aumento, precionando ainda mais a inflação, principalmente pelo encarecimento do preço do frete, já que mais de 80% da produção no país é escoada por via terrestre.

A saída para o governo federal está na redução do ICMS, sobre os combustíveis.

No entanto não é uma medida fácil de tomar, pois a redução desse imposto, implica em perdas de receitas, para os Estados, que na grande maioria vivem processo falimentar.

A meu ver a saída definitiva para o problema passa por uma reforma tributária, que de fato aumente a base de contribuição e com isso reduza a carga tributária, que atualmente está em 36% do PIB. Detalhe nenhuma proposta de emenda constitucional em tramitação no Congresso Nacional irá reduzir a carga tributária, pelo contrário irá aumentar ainda mais.

Com isso as empresas exportadoras e também as que trabalham com o mercado interno, precisam sair dessa camisa de força, para tanto precisam investir em inovação e obter ganhos de produtividade.

Isso ocorrendo não irão depender das taxas de câmbio para exportar e o governo poderá parar com o processo de valorização do dólar em relação ao real.

Do contrário os combustíveis continuarão aumentando nos próximos meses puxando todos os preços para cima.

 

Júlio Paschoal

Economista e Professor da UEG

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Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

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