
Racismo não é crime inafiançável no Brasil? Homem que humilhou motoboy em Valinhos precisa responder na Justiça
Algumas coisas que acontecem no Brasil são tão inacreditáveis que eu nem gosto de comentar. Mas não tem jeito, elas não podem passar despercebidas. O absurdo da vez é esse: nesta sexta-feira, viralizou o vídeo de um motoboy, Matheus Pires, a serviço de uma empresa de entrega de alimentos, sendo completamente humilhado por um morador de um condomínio de luxo em Valinhos, interior de São Paulo. O caso aconteceu no dia 31 de julho, mas só repercutiu agora que a mãe do rapaz jogou tudo na internet.
Nas imagens, o cara ofende e xinga o trabalhador de diversas formas. Diz, por exemplo, que ele é um “lixo”, “analfabeto”, “pobre”. Em outro momento, aponta para o braço – em um conhecido gesto racista – e diz que o jovem “nunca vai ter nada disso”. Dá para acreditar? O motoboy consegue manter a calma e responde a cada provocação apenas exigindo respeito.
Ignorância. Falta de educação. Racismo.
Às vezes eu acho que essa pandemia do coronavírus está exagerando em mostrar o lado cretino de algumas pessoas. O Matheus estava trabalhando honestamente no meio de uma pandemia e ainda teve que lidar com isso!
Virou moda no Brasil: o sujeito ganha dinheiro e acha que pode humilhar os outros. Motoboy já é muito maltratado, eu digo isso há tempos. Maltratado até pelas empresas para as quais ele presta serviço – que, muitas vezes, não dão nenhuma condição para ele trabalhar. Como se não bastasse, aparece um cliente como esse sujeito que não tem a menor classificação.
Precisamos falar com todas as letras, sim: ele é preconceituoso e racista. O pior é que daqui a pouco aparece nas redes sociais, orientado por um advogado, pedindo “desculpas” e tudo fica por isso mesmo.
Racismo não é crime inafiançável? Um cara desse tem que ir para a cadeia direto. Isso é nojento. Inaceitável. De uma canalhice sem tamanho. Me lembrou o caso daquele desembargador que desacatou o guarda. E vocês viram que ele continua andando por aí sem máscara, né? Esse tipo de absurdo não pode continuar.
Fonte: Blog do Datena