Se julgar todos que erraram,
José Luiz Datena analisou o julgamento do presidente Jair Bolsonaro por “crimes contra e humanidade e genocídio” no Tribunal Penal Internacional de Haia
O presidente Jair Bolsonaro foi denunciado neste domingo por “crimes contra a humanidade e genocídio” no Tribunal Penal Internacional de Haia. As entidades responsáveis pela iniciativa dizem que ele falhou na condução da pandemia do coronavírus aqui no Brasil.
Será que está certo julgar o Bolsonaro por isso? Não questiono que ele errou. Como eu já comentei em outro texto, nós, brasileiros, erramos com a economia, erramos com a saúde e erramos com a ciência. Mas acredito que o Tribunal de Haia, então, vai ter que julgar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Vai ter que julgar os líderes suecos. Vai ter que julgar o mundo inteiro! O mundo inteiro errou.
Quem acertou? A China? A China errou muito em demorar demais para avisar o resto do mundo que existia um vírus letal circulando no país. Por questões politicas, os líderes chineses não avisaram – e isso comprometeu o mundo todo.
Sem contar que, no Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou lá atrás que quem mandaria nas medidas adotadas nessa pandemia não seria o presidente da República, mas os governadores e prefeitos.
E a OMS, Haia?
Vale lembrar que até a Organização Mundial da Saúde (OMS) cometeu uma série de falhas neste período. A entidade acreditou plenamente nas informações divulgadas pela China e não foi firme e corajosa o suficiente para impedir aquele país (com potencial econômico e militar enorme) de assumir e corrigir o erro que cometeu.
Não quero defender o Bolsonaro, mas a maioria dos líderes, com exceção apenas de um ou outro, errou para caramba na tentativa de controle da covid-19. Se for para julgar, que todo mundo seja julgado. Vai faltar lugar no Tribunal de Haia.