Cada dia neste tempo de quarentena é contado como especial. Então, essa segunda-feira, 20, a qual comemoramos o Dia do Disco ou do Vinil, não poderia ser considerada como qualquer data. Ela foi inspirada em homenagem ao músico Ataulfo Alves que morreu em abril de 1968. A canção “Meus Tempos de Criança” foi composta em 1957 e podemos nos identificar mesmo que alguns não tenham conhecido o músico ou saibam o que seja um vinil.
Todo mundo teve uma infância alegre. Ou pelo menos a maioria. E as memórias permanecem. Os discos fazem parte dos encontros de família onde tocávamos diversas músicas. Os domingos nunca mais seriam os mesmos. Até pelas missas na matriz. Em tempos de pandemia, as celebrações estão virtuais e cada cristão abriga em sua casa uma igreja. Lembrar dos tempos da professorinha, do primeiro amor, da meninada, da travessura compõe nossos destinos de meninos e meninas.
E nem estou falando de “Legião Urbana” que ouvi muito no “toca disco” ou “vitrola”. No começo a letra não fazia muito sentido, depois virou uma abordagem dos mistérios da vida. Era um tal de voltar no momento certo da música assim como deixamos o toque do celular continuar até a parte que mais gostamos para atender. Meu tempo de criança foi bem intenso e vivido. Jamais me esquecerei das capas dos álbuns, cada uma mais performática que a Marina Abramović. E os autógrafos? A pessoa que tinha um na capa era considerada privilegiada. Hoje o que predomina são as selfies com os artistas.
Podíamos levar os discos para cima e para baixo mesmo sendo enormes. Era uma espécie de ritual ouvir com os amigos e dançar ao ritmo da alegria de cada canção tocada ali no fim de tarde. A vitrola ficou na memória, na recordação e virou peça de decoração, mas jamais sairá de nossos tempos de criança.
Caroline Santana é Jornalista e Escritora. Colaboradora desde blog.
