
Por: Jeziel da Silva Ramos, psiquiatra.
“Poucas coisas causam tanta dor nas famílias quanto o drama de ter uma pessoa envolvida com as drogas.”
A MACONHA é uma droga psicoativa. É a droga ilegal mais usada no mundo.
A MACONHA é, erroneamente, considerada por alguns como uma droga inofensiva.
O seu uso tornou-se um grande problema de saúde, porque pode causar doenças psiquiátricas.
Seus components químicos agem diretamente no cérebro, e altera a capacidade de pensar, sentir, concentrar, memorizar, analisar os fatos da realidade e julgar.
A MACONHA é uma droga perturbadora do Sistema Nervoso Central, altera o funcionamento normal do cérebro, e pode ser a causa de delírios e alucinações.
EFEITOS FÍSICOS IMEDIATOS: boca seca, olhos avermelhados e taquicardia (batedeira), aumento do apetite, sonolência, lentificação, diminuição de temperature corporal, alterações de humor: euforia, angústia e ansiedade.
OS EFEITOS CRÔNICOS: diminuição do hormônio sexual masculino (testosterona), impotêcia, infertilidade, câncer de pulmão, diminuição da imunidade.
Exemplo 1: o usuário da maconha está mais sujeito a contrair câncer de pulmão do que o tabagista pois a fumaça de maconha contêm alto teor de alcatrão (mais que no cigarro comum) e nele existe a substância benzopireno, agente cancerígeno, em quantidade também maior que no cigarro comum.
Exemplo 2: existem pesquisas que a maconha diminui em até 50-60 % a quantidade de testosterona, o hormônio masculino, que pode gerar infertilidade e impotência sexual.
EFEITOS MENTAIS IMEDIATOS: euforia, hilaridade, sonolência, diminuição da tensão, ilusões, paranoia, delírios, alucinações, desorientação no tempo e no espaço e amnesia.
Exemplo 3: uma telefonista de um hotel, que ouvia um dado número pelo fone e no instante seguinte fazia a ligação, quando sob ação da maconha não era mais capaz de lembrar-se do número que acabara de ouvir.
Exemplo 4: um bancário que lia numa lista o número de um documento que tinha que retirar de um arquivo; quando sob ação da maconha já havia esquecido do número quando chegava em frente ao arquivo.
Exemplo 5: Delírio é uma alteração mental pela qual a pessoa faz um juízo errado da realidade. o que vê ou ouve; por exemplo, sob ação da maconha uma pessoa ouve a sirene de uma ambulância e julga que é a polícia que vem prendê-la (delírio de perseguição).
EFEITOS MENTAIS CRÔNICOS: perda do interesse pelas atividades comuns, em favor do uso da droga – desmotivação.
COMO A MACONHA AGE NO ORGANISMO
A maconha age na mesma área do cérebro que a cocaína e heroína.
Atinge os centros de prazer no cérebro, estimulando a produção de um transmissor que atua no controle do movimento, memória e sensação do prazer (dopamina).
Os efeitos de prazer esconde os graves prejuizos que segue o seu uso.
O principal princípio ativo da MACONHA é o tetra-hidrocarbinol (THC), que se deposita na gordura do corpo, onde fica armazenada, e mantem seus efeitos por tempo maior após o seu último consumo.
O USO CONTÍNUO DA MACONHA
Os prejuízos são graves quando o uso inicia na adolescência (antes 15 anos de idade), porque o cérebro está em processo de formação até os 21 anos, sendo mais afetado pela substância.
Pesquisas demonstram que adolescentes que usam MACONHA diariamente têm cinco vezes mais chances de desenvolver ansiedade e depressão e três vezes mais chances de desenvolver esquizofrenia e transtorno bipolar.
ANSIEDADE
Quanto maior a quantidade de consumo, maiores as chances do desenvolvimento de ansiedade, irritação, insônia e pânico: disritmia cardíaca, tremores e falta de ar.
DEPRESSÃO
Afeta o humor, causando tristeza, cansaço, desmotivação continua, isolamento social e dificuldades sociais.
ESQUIZOFRENIA
Desorganização do pensamento, surtos psicóticos caracterizados por delírios, alucinações e sentimentos de perseguição. Geralmente as pessoas que experimentam esses sintomas não procuram ajuda e o problema, que antes era temporário, passa a ter consequências de longo prazo.
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE (TDAH)
O TDAH tem chances dobradas de ocorrer em pessoas que usam MACONHA. Trata-se de um transtorno que atrapalha a vida escolar e profissional do usuário. A perda da memória recente, diminuição da concentração, prioridade em usar a droga em detrimento de outras atividades sociais.
Pesquisa feita no Canadá mostrou que 20% dos motoristas envolvidos em acidentes de carro no país possuíam alguma quantidade da MACONHA no sangue (4 vezes mais chances de bater o carro).
SÍNDROME DA ABSTINÊNCIA DA MACONHA
A MACONHA causa dependência e pode ocorrer abstinência (fissura) até um mês após a suspensão do uso: diminuição do apetite, insônia, emagrecimento rápido, agressividade, irritação, agitação e pesadelos.
A maioria dos usuários começa com o uso recreativo, porém a importância da droga na vida do usuário pode crescer e se tornar um papel central = DEPENDÊNCIA.
OUTROS PROBLEMAS CAUSADOS PELA MACONHA
Estudo realizado pela Universidade de Melbourne, na Austrália, mosrou que houve um prejuízo nas conexões entre os dois hemisférios cerebrais, esquerdo e direito.
Pesquisa realizada na Nova Zelândia mostraram que usuários aqueles maconha na adolescência apresentaram níveis menores de QI (inteligência) em sua vida adulta em comparação com a infância.
SOBRE OS EFEITOS MEDICINAIS DA MACONHA
- Glaucoma: o aumento da pressão intraocular pode ser reduzido com os efeitos transitórios do THC. No entanto, medicamentos bem mais eficazes.
- Náuseas: O tratamento da quimioterapia do cancer. Hoje, a Oncologia dispõe de antieméticos muito mais potentes.
- Anorexia e caquexia associada à Aids: A melhora do apetite e o ganho de peso
- Dores crônicas: os canabinoides exercem o efeito antiálgico. O dronabinol, comercializado em diversos países para uso oral, reduz a sensibilidade à dor, com menos efeitos colaterais do que o THC fumado.
- Inflamações: o efeito anti-inflamatório pode tratar enfermidades como a artrite reumatoide e as doenças inflamatórias do trato gastrointestinal.
- Esclerose múltipla: O THC combate as dores neuropáticas, a espasticidade e os distúrbios de sono causados pela doença. O Nabiximol, canabinoide comercializado com essa indicação não está disponível no Brasil.
- Epilepsia: o uso de maconha com teores altos de canabidiol pode reduzir crises epilépticas. Canabinoides sintéticos de uso oral estão liberados em países europeus.
Fonte: Jeziel da Silva Ramos, psiquiatra.