Eu sei qual é a fonte…

Grande parte dos jornalistas cai em suas próprias armadilhas numéricas, geram descrédito à imprensa e depois não sabe por qual motivo a tia do grupo família do WhatsApp tem mais credibilidade que os grandes portais.

Semanas atrás, debati com o jornalista David Coimbra da Rádio Gaúcha(1). Sem qualquer preparo para o debate, o jornalista claramente lançou mão daquela rápida busca na Internet para, desesperadamente, justificar sua posição… Erro! Grande erro! Buscou na própria imprensa – esquecendo a regra básica sobre fontes primárias – suas respostas.

Deparou-se com uma notícia da BBC londrina que alarmava para as centenas de casos de “tiroteios em massa” ocorridos nos Estados Unidos. Eu, um tanto irritado com uma entrevista que virou debate, provoquei: “Qual a fonte David? Me fale a fonte!”. O jornalista titubeou e, durante sua frenética busca pela fonte dos dados, ouviu de mim: “Eu sei qual é a fonte, mas não vou lhe poupar o trabalho”. A frase, dita de improviso, viralizou, gerou congratulações vindas em peso do Rio Grande do Sul e virou até camiseta(2) que, para meu espanto, esgotou em poucas horas de lançamento.

Bom, mas afinal, o que mostra a realidade e qual a credibilidade dos dados usados massivamente pela imprensa brasileira e internacional?  Zero! Lá atrás eu já denunciava a farsa em dois artigos: “O massacre da credibilidade”(3), escrito em 2015 e “Nenhuma surpresa: Número de ‘Tiroteios em Massa‘ nos EUA usado pela imprensa é falso!”(4), de 2017. Também divulguei amplamente outra farsa, a de “Tiroteios em escolas”, análise feita pelo The Washington Post (5) que mostrava que dos dezoito alardeados ataques em escolas apenas dois realmente foram ataques que poderiam ser classificados assim. E não é só isso, até a inclusão dos suicídios foram adicionadas à “violência armada” nos EUA para adequar pesquisas e estudos encomendados por aqueles que advogam pelo desarmamento. Também falei disso no artigo “Armas e a desonestidade como método” (6).

Qual motivo disso tudo? Muito simples: o desarmamento cai em descrédito em todo o mundo, em especial no Brasil e nos EUA. De um lado, a comprovação do fracasso da política nacional de restrições às armas; do outro, antagônico, o sucesso ao respeito à posse e o uso de armas pela população. O que resta então? A narrativa do medo!  Essa narrativa só pode ser sustentada com a falsificação e inflação de casos que chocam a opinião pública. Vejam os nossos jornais nos últimos tempos e me digam se não é exatamente isso que estão vendo. Não é sem motivo que os debates rareiam para esse assunto, afinal, se o papel já aceitava tudo, a Internet aceita muito mais.

Ao buscar justificar suas crenças e desejos pessoais, em especial de um Estado que tudo domina e controla, grande parte dos jornalistas caem em suas próprias armadilhas numéricas, geram descrédito à própria imprensa e depois não sabem por qual motivo a tia do grupo família do WhatsApp tem mais credibilidade que os grandes portais. De forma histérica veem em qualquer crítica um ataque a imprensa livre e exigem serem salvos. O problema é que esse salvamento não vem de fora, vem de dentro e, ao que parece, há poucos jornalistas empenhados em fazer isso. Qual a fonte dessa informação? Eu sei a fonte, mas…

Bene Barbosa é especialista em segurança, escritor, presidente do Movimento Viva Brasil, palestrante, autor do best-seller Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento e instrutor convidado do Curso Básico de Armamento e Tiro do Projeto Policial.

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Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

Alan inicia seus trabalhos com o único objetivo, trazer a todos informação de qualidade, com opinião de pessoas da mais alta competência em suas áreas de atuação.

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