
Os 10 deputados e os 10 servidores que mais viajaram foram responsáveis, sozinhos, por R$ 1,6 mi em diárias e passagens.
Assembleia Legislativa de Goiás gastou, durante os quase quatro anos da atual legislatura, mais de R$ 3,5 milhões em viagens de deputados e servidores, aponta levantamento do POPULAR. Segundo dados do Portal da Transparência da Casa, 60% desse valor foi gasto nos últimos dois anos: apenas em 2017, o montante superou R$ 1,2 milhão.
Os maiores gastos foram com diárias de até R$ 5 mil, na sua maior parte, envolvendo deslocamentos de assessores, motoristas, entre outros servidores para cidades do interior, onde participaram de audiências públicas e outras atividades de interesse dos gabinetes dos parlamentares. No total, a Assembleia cobriu 2.688 viagens nessa faixa de valor, somando R$ 1,9 milhão. Outras 38 viagens, com faixa de valor superior a R$ 20 mil cada, custaram aos cofres públicos R$ 1,3 milhão.
O POPULAR levantou também quais foram os deputados e os servidores que mais viajaram. O ranking dos dez primeiros em cada um dos dois grupos mostra gastos conjuntos de R$ 1,6 milhão em quase quatro anos. O ranking dos parlamentares é encabeçado por Jean Carlo (PSDB), que gastou R$ 124 mil em um total de sete viagens. As três mais caras, todas acima de R$ 30 mil, foram para participar de feiras na França, Alemanha e Portugal.
Questionado, Jean Carlo disse que as viagens internacionais que fez foram em áreas ligadas à sua atuação parlamentar. “Todas elas auxiliam no desenvolvimento de novos projetos. Nos dão mais conteúdo e experiência para legislar. Em um dos casos, nós fizemos a prospecção de investimentos para Goiás.”
Na sequência, aparece Luis Cesar Bueno (PT), com gastos de R$ 117,8 mil com 19 viagens. Ele explicou que a maioria envolve compromissos com a União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), entidade da qual é tesoureiro. As três viagens mais caras que fez, com destino a Chicago e Seatlle, nos Estados Unidos, e a Portugal, custaram, respectivamente, R$ 17 mil, R$ 21 mil e R$ 32 mil.
Segundo Luis Cesar, foram para participar de conferências legislativas. “Cada viagem tem um processo de prestação de contas, com nota fiscal das passagens, de táxi, traslado, o relatório de participação nos eventos. Todas foram comprovadas. Sempre prestei contas. Inclusive, na tribuna”, afirmou.
A viagem mais cara de todo o período foi do presidente da Casa, José Vitti (PSDB), que, em 2017, gastou R$ 70,8 mil para acompanhar o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) em missão oficial aos Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, representando o Poder Legislativo. Em outra missão, Eliane Pinheiro (PSDB), gastou quase o mesmo valor, R$ 68 mil, em 2016.
Entre os servidores, os campeões de gastos foram Jardel Coutinho, chefe do Cerimonial, Joel Sant’Anna Braga, diretor de Informação e Divulgação da Presidência, e Leonardo Rassi Neto, diretor de Tecnologia e Gestão. Eles gastaram, juntos, mais de R$ 476 mil em 170 viagens.
Limite
À reportagem, a assessoria da Casa informou que as diárias têm um limite, fixado pelo Decreto Administrativo 2.835/18, que é de R$ 600 para viagens dentro do país, US$ 400 para deslocamentos na América do Sul, US$ 500 na América do Norte e U$S 650 nos demais continentes. O limite de locomoção varia de R$ 150, nas nacionais, a até U$S 175, nas internacionais, dependendo do continente de destino.
O valor de passagens aéreas e inscrições em eventos, no entanto, ainda não tem qualquer limite regulamentado. Atualmente, o parlamentar ou servidor fica responsável por fazer a compra e é ressarcido posteriormente, depois de apresentar os comprovantes e recibos. De acordo com a Secretaria Geral da Presidência da Casa, não existe critério fixado sobre como deve se dar a escolha de hotéis ou passagens.