
A Operação Confraria, que prendeu quatro pessoas suspeitas de operar um esquema de lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos em Goiás, apreendeu e sequestrou bens avaliados em R$ 10 milhões. Segundo a Polícia Federal, entre os itens estão várias joias, 14 veículos de luxo, três apartamentos de alto padrão e duas casas de veraneio, uma delas em Armação de Búzios, no Rio de Janeiro.
Entre os quatro presos, está o ex-presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincón, suspeito de receber propina da Odebrecht para campanhas de Perillo e que já havia sido preso na Cash Delivery. O advogado dele disse que ainda não teve acesso aos autos.
De acordo com o delegado Charles Lemes, responsável pelas investigações, a ação é um desdobramento da Operação Cash Delivery, que prendeu o ex-governador Marconi Perillo em outubro deste ano. Segundo ele, mesmo depois da operação ter sido deflagrada, alguns membros do grupo continuavam a cometer crimes.
“O foco da investigação é apurar uma associação criminosa que efetuava cobrança de repasses indevidos, recebiam e os distribuíam no âmbito da Codego [Companhia de desenvolvimento do Estado de Goiás]. A aproximação da Cash Delivery é que um dos alvos de hoje, ex-presidente da Agetop, mantinha contato com as pessoas que transportavam dinheiro da Odebrecht, no âmbito da última operação”
Lemes destacou ainda que os bens apreendidos estão registrados em nomes de laranjas, o que indica a prática de crimes.
“Nas apreensões de hoje, nos deparamos com carros e imóveis de luxo que eram usados por membros da Codego, mas que não estavam no nome deles, uma característica de lavagem de dinheiro”, destaca.
Alvos
Além de Rincón, também foram presos nesta manhã o presidente da Codego, Júlio Cézar Vaz de Melo, o gerente geral de distritos do órgão, Márcio Gomes Borges, e a mulher dele, Meire Cristina Rodrigues, que ocupa o cargo de assessora especial da governadoria do estado.
De acordo com o delegado, dois dos presos nesta manhã mantiveram contato telefônico com alvos da operação Cash Delivery na data do cumprimento dos mandados da operação, em setembro deste ano.
“Isso foi uma das coisas que chamaram atenção dos investigadores. O modus operandi é o mesmo. Agora, vamos apurar a suspeita de lavagem de dinheiro, que está bem caracterizada, bem como para que este dinheiro seria utilizado, se era para enriquecimento pessoal e para que eles levassem uma vida de luxo ou se, assim como na Cash Delivery, eram destinados a campanhas eleitorais. Nada está descartado”, disse o delegado.
O que dizem os envolvidos
Ao G1, o advogado de Jayme Rincón, Romero Ferraz, informou que trata-se de um mandado de prisão temporária, válida por cinco dias, e que já foi cumprido. Ele diz que não ainda não teve acesso aos autos, mas vai trabalhar para soltar seu cliente.
“Nós não tivemos acesso ainda à cópia da investigação. Estamos tentando acesso a ela pela Justiça Federal. Portanto, maiores detalhes eu não tenho como informar. Agora nós vamos atrás de saber quais os limites dessa operação e ingressar com alguma medida para poder impugnar e tentar soltá-lo”, afirma.
Procurado o advogado de Perillo, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que o ex-governador não é alvo da Operação Confraria e que, por isso, não se manifestará sobre a situação.
Em nota, o Governo de Goiás informou que acompanha “com atenção os desdobramentos” da operação e que “já foi determinado o afastamento dos servidores, citados na operação, de seus respectivos órgãos”. Por fim, o comunicado destaca que está colaborando com as investigações.
Fonte G1 – Fotos Divulgação da PF