
Jair Messias Bolsonaro, paulista da pequena Glicério, 63 anos, elegeu-se ontem o 38º presidente da República. Teve 57,79 milhões de votos no segundo turno. Em sua reeleição de 2006, Lula havia recebido 58,29 milhões de votos — ainda o recorde em eleição presidencial. Em números absolutos, foi o segundo mais bem votado. Em termos percentuais, o capitão da reserva teve pouco mais de 55% dos votos válidos, fazendo dele o quarto mais bem votado desde 1985. Lula teve 61,2% em 2002 e, em 2006, 60,8%. Dilma teve 56%, em 2010. O capitão reformado liderou de uma ponta a outra da campanha, desde o momento em que todos os candidatos foram formalizados. A votação bate com aquela prevista pelas pesquisas.
Seu primeiro comunicado à nação foi feito através de uma Live, no Facebook, que durou aproximadamente oito minutos. “Esse primeiro contato, via live, deve-se ao respeito, à consideração e à confiança que tenho pelo povo brasileiro”, disse. “Só cheguei aqui porque vocês, internautas, acreditaram em mim.” Agradeceu a Deus e aos médicos que o atenderam em Juiz de Fora e São Paulo. Pouco depois, foi à porta de casa onde leu um segundo discurso, este escrito, para jornalistas. “Nosso governo vai quebrar paradigmas, vamos desburocratizar e permitir que o cidadão, o empreendedor, tenha mais liberdade. Vamos desamarrar o Brasil. Precisamos de mais Brasil e menos Brasília. Emprego, renda e equilíbrio fiscal é o nosso compromisso para ficarmos mais próximos de oportunidades e trabalho para todos.”
Pedro Doria: “Não é só a intimidade com a internet que alavancou a candidatura de Jair Bolsonaro. Houve uma confluência de ondas, uma tempestade perfeita. Envolve a crise social e econômica nascida da transformação digital do mundo. Uma reação conservadora, igualmente mundial, aos avanços nos direitos liberais das últimas décadas. E há também cores brasileiras. A diminuição da desigualdade e simultânea popularização de smartphones. A crise do modelo de gestão política do Brasil, disparada pelas manifestações de 2013 e reforçada com a Lava-Jato. E para entender sua ascensão é preciso começar pelas passeatas de 2013.” (Globo)