TRANSIÇÃO EM GOIÁS – Previdência sufoca governo de médio prazo e aumenta crise

Governo de Goiás terá que enfrentar endividamento crescente da previdência social; últimos quatro anos apresentaram aumento de 118%
Amortização mensal da dívida pública chega a R$ 183 milhões – valor que daria para construir 4 mil casas populares. Estado perde dinheiro por não estar com as contas em dias
OS reclama da falta de pagamento e abandona serviços do Hugo e Hutrin. Governo garante que na próxima semana apresentará um plano para a quitação de todos os repasses
Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás (OSJG) cancela turnê que faria na China. Motivo: Governo de Goiás, segundo a instituição, se incumbiu e não cumpriu a compra das passagens dos artistas goianos

Welliton Carlos

O Governo de Goiás tem um problema gravíssimo para enfrentar após conseguir controlar as contas utilizadas para o pagamento do pessoal e das Organizações Sociais (OSs) que atuam nos hospitais públicos: a enorme dívida da previdência social.
Nos últimos quatro anos, informa o Governo de Goiás, em dados oficiais, aconteceu um aumento de 118% no tamanho do endividamento. Apenas neste ano, ocorreu um acréscimo R$ 300 milhões no déficit.
Goiás tem uma dívida de R$ 2,3 bilhões – que acumula um aumento de 118% nos últimos quatro anos – para custear as aposentarias de servidores. É hoje o problema de médio prazo mais grave para os goianos. Motivo simples: não existe orçamento ou previsão de como quitar estas dívidas.
Se junta a esta dívida já divulgada pelo Poder Executivo a previsão de outra mais urgente: R$ 280 milhões com as organizações sociais que atuam na saúde. Ou se resolve o problema ou a iniciativa privada se afastará da administração, a acionando na Justiça.
Ontem, o Governo de Goiás informou que a OS Gerir solicitou rescisão dos contratos de gestão do Hospital Estadual de Urgências de Goiânia (Hugo) e do Hospital Estadual de Urgências de Trindade Walda Ferreira dos Santos (Hutrin).
A OS reclama da falta de pagamento. A administração pública admite a dívida e afirma que os imprevistos financeiros no “fluxo de caixa do Tesouro Estadual provocados pelo cenário econômico adverso no País” impedem os repasses para todas as OSS que administram as 17 unidades de saúde do Estado.
O Governo de Goiás garante que na próxima semana apresentará um plano para a quitação de todos os repasses às OSs até 31 de dezembro.
O futuro governador Ronaldo Caiado (DEM) enfrentará outro desafio praticamente impagável: a dívida com a União, que já chegou a R$ 19 bilhões.
Para se ter ideia, o orçamento total do Governo de Goiás em 2018 é de R$ 24,9 bilhões – seis bi maior do que a dívida federal que não para de crescer. Um valor deste tamanho retira mensalmente dos cofres dos goianos cerca de R$ 183 milhões – valor que daria para construir 4 mil casas populares.

CRISE
O Governo de Goiás terá que enfrentar uma metástase que se espalhou por todo o corpo administrativo: a falta de dinheiro. Diversas áreas já começam a sofrer com a falta de ações e recursos. Ontem, a Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás (OSJG) anunciou que cancelou turnê que faria na China. O grupo de jovens conseguiu parte dos recursos junto a iniciativa privada, mas o Governo de Goiás, segundo a instituição, se incumbiu e não cumpriu a compra das passagens dos artistas goianos. “Desde o início do ano temos trabalhado bastante para este projeto e recebemos o apoio da população, que sempre esteve do nosso lado, atendendo nossas solicitações de parceria. A inviabilização aconteceu devido às dificuldades financeiras que o Governo de Goiás enfrenta neste final de ano, o que impossibilitou a aquisição dos tickets de viagem”, disse o comunicado.
O Centro de Cultura Basileu França está no mesmo furacão: especula-se que ocorrerá a demissão de 130 professores, o que reduzirá em mais da metade o atendimento da escola.
A descontinuidade do Programa Bolsa Universitária é outra ameaça caso o estado não volte a se posicionar: o atraso no pagamento de bolsas chegou à R$ 60 milhões. No final do mês, o Governo de Goiás realizou um repasse de R$ 10 milhões, mas ainda, sim, a dívida é enorme para a estrutura atual da administração.

TRANSPARÊNCIA
O senador Wilder Morais, o coordenador da transição dos governos de José Eliton-Marconi Perillo para Caiado, em uma bateria de entrevistas realizadas na sexta-feira, 2, disse que já foi no Ministério da Fazenda para obter informações sobre a saúde financeira federal do Estado e que espera o início dos trabalhos com dados financeiros para que possa apresentar sua impressão inicial quanto ao panorama do Estado.
O parlamentar, que foi escalado pelo governador eleito Ronaldo Caiado, é responsável por traçar os estudos das contas do Estado de Goiás. Caberá ao grupo coordenado por Wilder apontar as deficiências e o endividamento para que Caiado possa compor sua equipe e agir para estancar as crises já anunciadas nos mais diversos setores da administração pública.

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Alan Ribeiro
Alan Ribeiro

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