Senador Wilder Morais e deputados federais delegado Waldir e Alexandre Baldy, atual ministro de Cidades, são cotados para atuarem ao lado de Jair Bolsonaro
Welliton Carlos
Líder das pesquisas de opinião, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) garante que sua equipe, caso seja eleito, terá perfil basicamente técnico. Antes mesmo da campanha eleitoral, ele apresentou o nome de Paulo Guedes como futuro articulador da política econômica.
Além de Guedes, Bolsonaro precisará escolher nomes em todo país e nas diversas áreas: saúde, segurança pública, cultura, infraestrutura, agropecuária, justiça, etc.
Goiás também passou a ser cotado para ofertar integrantes qualificados e aptos a atuarem nestas áreas. Três nomes já despontam dentre os militantes da campanha de Bolsonaro: o empresário, engenheiro civil atuante e senador Wilder Morais (DEM), Delegado Waldir (PSL) e o empresário e já ministro Alexandre Baldy (PP). Este último teria maiores dificuldades do que os demais: durante a campanha Bolsonaro descartou nomes que integraram a equipe de Michel Temer (PP).
Para ‘bolsonaristas’ “raiz”, que militam em Goiás desde 2016 “pró-capitão”, a manutenção de Baldy arranharia a ideia de ‘nova’ equipe e de governo diferente.
Outro nome considerado pelos militantes é o delegado Waldir. Diferente de Baldy, o deputado federal muito bem reeleito é fiel a Jair Bolsonaro desde o início da campanha e não se misturou com o governo Temer.
Delegado Waldir é Bolsonaro desde a disputa da presidência da Câmara, em fevereiro de 2017. Na época, ele foi um do quatro votos dados para Bolsonaro. O delegado civil tem o perfil técnico para uma única área: segurança pública ou Justiça.
Waldir também pleiteia a presidência da Câmara dos Deputados e espera contar com o apoio de Bolsonaro, que pediu pessoalmente votos para o delegado quando esteve em Goiás antes do atentado. É um azarão para presidir os deputados, mas só os dois sabem o relacionamento que cultivaram no baixo clero da Câmara Federal.
MAIS ECLÉTICO
O senador Wilder Morais (DEM) é também cotado para assumir uma das áreas estratégicas do governo Bolsonaro, caso seja eleito. Diferente de Delegado Waldir, Wilder tem um perfil mais eclético de atuação: é empresário, tem experiência na condução de obras privadas, públicas e lida cotidianamente com a infraestrutura e obras paradas. É também um parlamentar de perfil conciliador e experiente, que tem inclusive projetos de leis convertidos em norma jurídica (como a que emendou a Lei de Diretrizes e Bases).
O que mais aproxima Wilder de Bolsonaro é o conjunto de proposições na área de segurança pública: o senador goiano defende a flexibilização do armamento para moradores do campo, prega a revogação do “Estatuto do Desarmamento”, defende a valorização da polícia e ações mais rígidas no combate à corrupção e violência urbana.
Na campanha eleitoral, após sair do hospital, ainda na recuperação do atentado, Bolsonaro gravou vídeo em que pediu votos para Wilder e o elogiou como um dos principais quadros políticos de Goiás.
A indicação do ministro ‘goiano’ passaria pelo senador Ronaldo Caiado (DEM), um dos principais líderes da legenda e que declarou apoio para Jair Bolsonaro.
Qualquer indicação sem o apoio do senador eleito governador de Goiás, em tese, seria considerada mais “do partido” e não do interesse do estado. Em termos de grupo, a bancada goiana de Caiado é a mais forte, sendo mais expressiva do que o PP e demais partidos que fizeram oposição ao grupo eleito em Goiás, daí o grande peso do governador eleito.
Apoiado por Caiado, Wilder montou o comitê oficial do candidato na Avenida Assis Chateaubriand, com a T7, em Goiânia, mas disse para a imprensa que sua atuação é “voluntária”.
Na quarta-feira, 17, fez pronunciamento no Senado que repercutiu nacionalmente. Nele, Wilder defendeu a candidatura de Bolsonaro. Apesar das especulações, Wilder diz que a preocupação é ampliar a votação do candidato e que não foi sondado para qualquer ministério.
Goiás tem tradição em indicar ministros
Goiás costuma ter ministros na equipe de colaboradores dos presidentes. No período pós-ditadura, quase todos presidentes trouxeram goianos para os ministérios. Apenas Fernando Collor de Melo e Dilma Rousseff ignoraram os goianos. Para o Estado, a escolha de um goiano significa muito: mais recursos públicos distribuídos no Estado, maior articulação política, capacidade de inserção de Goiás nos grandes eventos nacionais.
“Para o estado de Goiás, que dificilmente elegerá um presidente da República, ter pessoas que convivem diretamente com o chefe do Executivo Federal é vital para fazer grandes agendas que só são possíveis de serem realizadas com verbas federais”, diz o cientista político Lehninger Mota.
Ele recorda que o prefeito Iris Rezende (MDB), o ex-governador Henrique Santillo e o engenheiro Henrique Meirelles (MDB) foram ministros atuantes e que representaram bem Goiás no Governo Federal.
Meirelles foi mais distante do Estado, apesar de ser goiano de Anápolis. Ocupou a presidência do Banco Central nas gestões de Lula e o ministério da Fazenda de Michel Temer. Foi ignorado por Dilma e suas duas gestões. Na atualidade tem poucas raízes no Estado.
Iris Rezende atuou duas vezes como ministro: primeiro como chefe da Agricultura, no governo de José Sarney (1986-1989). No governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) ocupou a titularidade do Ministério da Justiça, na gestão iniciada em 1994.
Por sua vez, Henrique Santillo foi ministro da Saúde na gestão de Itamar Franco, durante início da década de 1990. Ex-senador e ex-governador, ocupou o cargo com grande visibilidade, demonstrando boas condições de gestão.